Cirurgiões das universidades Duke e de Vanderbilt, nos Estados Unidos, conseguiram reanimar o coração de um bebê que havia parado de bater por mais de cinco minutos. O órgão foi retirado do doador após a confirmação da morte circulatória e transplantado para um recém-nascido de 3 meses depois de voltar a pulsar na mesa de cirurgia.
Este procedimento, realizado pela primeira vez, foi um sucesso. O bebê que recebeu o coração apresentou função cardíaca normal durante os seis meses seguintes, sem sinais de rejeição, conforme relatado no New England Journal of Medicine por ambas as universidades em 16 de julho.
“Esta inovação surgiu da necessidade”, afirmou o médico Joseph Turek, líder da pesquisa e chefe da cirurgia cardíaca pediátrica da Duke Health. “Estávamos determinados a encontrar uma forma de ajudar as crianças menores e mais graves, que antes não tinham acesso a corações doados por sistemas que mantêm os órgãos vivos fora do corpo”.
Como foi realizado o transplante?
Com a autorização da família do doador, os médicos utilizaram uma máquina desenvolvida especificamente para esse procedimento. O sistema incluía um oxigenador, uma bomba centrífuga e um reservatório para coletar o sangue expelido durante a reanimação.
Os equipamentos disponíveis até então para manter órgãos vivos fora do corpo não funcionam para corações de bebês, pois suas dimensões demandam soluções em escala reduzida, adaptadas às características anatômicas dos recém-nascidos.
A técnica empregada foi desenvolvida pela equipe da Universidade de Vanderbilt e preserva o coração do doador logo após a morte. Ela utiliza uma pinça na aorta e uma solução oxigenada para isolar a circulação do coração, mantendo sua saúde após a morte do bebê.
Impacto e sucessos da técnica
A equipe de Vanderbilt recuperou três corações com o novo método, todos transplantados com sucesso. Os pacientes receptores tiveram bom desempenho nos exames pós-operatórios. Mesmo um dos corações que parou por cinco minutos durante o procedimento foi reanimado com êxito.
Essa técnica inovadora de cirurgia demonstra que a reanimação extracorpórea pode ser uma alternativa para aumentar o número de transplantes cardíacos em bebês. Nos Estados Unidos, cerca de 20% das crianças na lista de espera não sobrevivem até receber um órgão compatível.
Os pesquisadores explicam que essa técnica de reanimar o coração na mesa de cirurgia pode aumentar em até 30% o número de corações disponíveis para transplantes pediátricos.