O Banco Central (BC) autorizou um aumento de capital de R$ 840 milhões em duas instituições ligadas ao Grupo Master, um mês após negar a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB).
O Banco Master Múltiplo poderá receber R$ 420 milhões, enquanto a Will Financeira (Will Bank), braço digital do grupo, foi autorizada a captar R$ 419 milhões. Com esses aportes, o capital do Banco Master chegará a R$ 1,586 bilhão e o da Will Financeira a R$ 789 milhões.
Esse reforço acontece depois que o BC rejeitou, em setembro, a proposta do BRB para adquirir o controle do Banco Master, operação avaliada em R$ 2 bilhões. A oferta previa a compra de 49% das ações ordinárias e 100% das preferenciais, possibilitando ao BRB controlar 58% do banco.
Contexto e controvérsias
A negociação foi marcada por controvérsias devido à estratégia de captação do Banco Master, que oferecia rendimentos muito acima da média do mercado, chegando a 140% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), baseados em ativos de maior risco, como precatórios.
Esse modelo suscitou investigações do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e do Ministério Público Federal (MPF), além de medidas mais rigorosas do Conselho Monetário Nacional (CMN).
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal chegou a suspender a compra pelo BRB, mas a liminar foi posteriormente revogada. Em agosto, o CMN estabeleceu novas regras para o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), incluindo limites para investimentos alavancados e aumento das contribuições para bancos considerados de maior risco, a fim de reduzir riscos excessivos assumidos pelas instituições.
Fortalecimento financeiro
Apesar dessas dificuldades, o Grupo Master prossegue com o plano de fortalecimento financeiro. Somados aos aumentos anteriores, realizados ao longo do ano, o total de capital injetado em 2025 alcança R$ 2,84 bilhões.
O Will Bank continua listado como ativo à venda. A aprovação do BC busca estabilizar as finanças do grupo e garantir sua liquidez, diante da pressão regulatória e das dúvidas sobre sua estabilidade financeira.
A decisão do BC indica que o Grupo Master poderá seguir em operação, desde que com capital reforçado e submetido a regras prudenciais mais rigorosas.
