A emissora pública britânica BBC pediu desculpas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quinta-feira (13/11), um dia antes do término do prazo do ultimato que o republicano havia estabelecido como condição para processar por difamação, com um pedido que pode chegar a pelo menos 1 bilhão de dólares.
O presidente da BBC, Samir Shah, enviou uma carta oficial à Casa Branca – tornada pública pela própria emissora – na qual expressa que ele e a BBC lamentam a forma como o discurso do presidente, feito em 6 de janeiro de 2021, foi editado no documentário. Essa edição deu a entender que Trump teria incitado diretamente uma revolta contra o Capitólio.
Um representante da BBC confirmou que o departamento jurídico da emissora enviou uma segunda carta aos advogados de Trump, em resposta a uma carta recebida no domingo que exigia retratação e desculpas. Reforçaram que não há planos de reexibir o documentário nas plataformas da emissora e que, apesar de lamentarem a edição, discordam da existência de motivo para um processo por difamação.
Contexto do conflito
No início da semana, Donald Trump afirmou que tinha a obrigação de processar a BBC por ter enganado o público ao editar o discurso, criando a impressão errada de que ele havia feito um apelo explícito à violência durante os acontecimentos de 6 de janeiro de 2021.
Em uma declaração pública, a BBC informou que revisou o programa após críticas sobre a edição do discurso de Trump. Durante o trecho, mostraram extratos retirados de diferentes partes do discurso, mas reconhecem que a edição fez parecer que apresentavam uma seção contínua, criando uma impressão incorreta sobre as palavras do presidente.
A emissora pediu desculpas a Donald Trump pelo erro de julgamento e afirmou que o programa não será retransmitido nem disponibilizado nesse formato nas suas plataformas.
Demandas e consequências
Trump estabeleceu três condições para evitar uma ação judicial contra a BBC: uma retratação clara e completa, um pedido imediato de desculpas e uma compensação adequada. O prazo definido por ele expirava na sexta-feira, às 17h, horário de Washington (22h em Londres).
Na quinta-feira, antes das cartas serem divulgadas, Trump reiterou que acredita existir um padrão de difamação contra ele na grade da BBC. Ainda não está claro se as desculpas da emissora serão suficientes para evitar o processo.
A polêmica começou após ser revelada a manipulação da edição do discurso do ex-presidente em um documentário de 2014, o que causou a renúncia do diretor-executivo Tim Davie e da chefe de jornalismo Deborah Turness.
Essa situação colocou a BBC sob críticas intensas da direita no Reino Unido, em meio a acusações de que sua programação apresenta um viés ideológico, particularmente contra o ex-presidente americano e o Estado de Israel.