O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse que ainda não decidiu se vai deixar o tribunal após deixar a presidência. Na quinta-feira, 25, ele participou da sua última sessão como presidente do STF e passará o cargo ao ministro Edson Fachin na segunda-feira, 29.
Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, Barroso disse que às vezes sente que já cumpriu seu ciclo, mas outras vezes acha que ainda pode fazer mais. Ele está considerando todos esses fatores.
O ministro explicou que sair do STF é uma possibilidade, mas não uma certeza. Ele negou que essa decisão esteja relacionada à pressão recente dos Estados Unidos sobre o Supremo, relacionada à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Barroso afirmou que não recebeu confirmação de cancelamento do seu visto americano e que essa preocupação não influencia sua decisão sobre permanecer no STF.
O ministro também evitou comentar sobre possíveis ações do STF para proteger ministros que enfrentem sanções pela lei Magnitsky, como o caso do ministro Alexandre de Moraes.
Barroso falou que esse tipo de problema ainda não surgiu e que devemos lidar com a situação com os Estados Unidos com respeito, mas sem exageros.
Sobre a condenação do ex-presidente Bolsonaro por tentativa de golpe, ele criticou a estratégia da defesa e aliados que tentaram discutir anistia imediatamente, explicando que essa é uma decisão política do Congresso e não deve ocorrer antes, durante ou logo após o julgamento.
O ministro descartou ter discutido qualquer possibilidade de assumir uma embaixada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele garantiu que isso nunca foi considerado.
Barroso também comentou que se arrepende da decisão tomada em 2018 de votar a favor da prisão do presidente Lula, explicando que naquela época não havia as suspeitas que surgiram depois sobre a Operação Lava Jato, e que ele aplicou a jurisprudência existente com pesar.
Estadão Conteúdo