21.6 C
Brasília
sexta-feira, 03/10/2025




Barreira antidrones europeia contra a Rússia

Brasília
céu limpo
21.6 ° C
24.2 °
21.5 °
44 %
5.1kmh
0 %
sex
31 °
sáb
31 °
dom
32 °
seg
34 °
ter
35 °

Em Brasília

Diante das frequentes invasões russas no espaço aéreo da Europa nas últimas semanas, líderes do continente avaliam a criação de uma barreira antidrones com o objetivo de proteger os territórios europeus. Essa proposta foi um tema central durante uma cúpula de segurança realizada em Copenhague, Dinamarca, ao longo de dois dias, encerrando-se em 2 de outubro.

O primeiro dia do encontro contou somente com os 27 estados-membros da União Europeia. No segundo dia, 20 outras nações pertencentes à Comunidade Política Europeia, entre elas Suíça, Reino Unido, Geórgia e Turquia, juntaram-se às discussões.

A ideia da barreira antidrones surgiu como resposta às recentes incursões aéreas russas sobre países como Estônia, Polônia e Romênia. Apesar do apelo da Suécia, Polônia e República Tcheca para que todas as aeronaves não autorizadas fossem abatidas, a União Europeia não formalizou esse compromisso, conforme relatado pelo correspondente Pierre Benazet em Bruxelas.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) enfrentou dificuldades ao reagir à ameaça de cerca de 20 drones russos em território polonês. Para derrubar apenas três desses drones, foi necessário o uso de mísseis sofisticados e caros, evidenciando limitações no arsenal da aliança frente a esse tipo de ataque.

Andrius Kubilius, Comissário Europeu da Defesa, há tempos defende a busca por novas soluções para enfrentar as ameaças russas. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi a primeira a propor a ideia de um “muro de drones” em 10 de setembro, durante uma sessão com eurodeputados.

O plano inicial consiste na instalação de sensores avançados, terrestres e via satélite, ao longo da fronteira entre a União Europeia e a Rússia. A Ucrânia, que é referência na área, utiliza um sistema de sensores acústicos desde o início do conflito. Kubilius acredita ser possível implementar essa tecnologia rapidamente na Europa.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou a participação de seu país no desenvolvimento dessa barreira antidrones, destacando a experiência adquirida após quase quatro anos de guerra e a criação de uma indústria diferenciada de drones e sistemas de defesa aérea.

Segundo uma autoridade europeia, a instalação desse sistema deve durar pelo menos um ano, antes que o mecanismo de interceptação seja plenamente operacional.

Desafios e Limitações

Especialistas alertam que o avanço acelerado da tecnologia de drones pode tornar os sistemas atuais obsoletos em pouco tempo. Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca, ressaltou que não se pode acreditar que uma única solução resolverá todos os desafios.

A União Europeia pretende aprender com a experiência da Ucrânia, como ressaltou a presidência francesa. A primeira-ministra da Estônia, Kristen Michal, destacou que o objetivo não é criar uma barreira impenetrável, como a antiga Linha Maginot da França, mas sim buscar soluções pragmáticas e flexíveis.

Emmanuel Macron, presidente da França, mostrou ceticismo quanto ao termo “muros de drones”, enfatizando a complexidade da defesa aérea contemporânea.

Investimento e Responsabilidades

Embora o tema tenha recebido apoio na cúpula dos 27 países da União Europeia, houve questionamentos, especialmente sobre os custos envolvidos. A Alemanha manifestou preocupações sobre os valores, que segundo Kubilius variam na casa de vários bilhões de euros.

Nações distantes da fronteira russa temem ficar em desvantagem caso o projeto avance de forma desigual. A Comissão Europeia garantiu que a estratégia cobrirá toda a Europa, não apenas países específicos.

Zelensky reforçou que o muro antidrones é uma iniciativa europeia compartilhada e que a defesa continua sendo uma responsabilidade dos Estados-membros. A questão deve ser debatida novamente em uma cúpula europeia prevista para o final de outubro.

Reação da Rússia

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou estar atento à intensificação da militarização na Europa e prometeu respostas às ameaças, mas garantiu que não pretende atacar membros da Otan. Ele ressaltou que a Rússia reagirá prontamente se provocada, descartando iniciar conflitos, e criticou a retórica que sugere a iminência de guerra contra seu país.




Veja Também