Banqueiros brasileiros com negócios nos Estados Unidos estão mais tranquilos após a possibilidade de uma conversa entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump na próxima semana. Eles acreditam que o risco relacionado à lei Magnitsky para o setor financeiro pode diminuir com essa aproximação, mesmo com as recentes sanções anunciadas.
Um banqueiro relata que o ambiente para as instituições financeiras brasileiras que atuam nos EUA parece estar melhorando, um sentimento reforçado pelas discussões na Assembleia Geral da ONU. Ele comemora que a situação esteja ficando mais tranquila.
Nas últimas semanas, várias instituições financeiras no Brasil receberam notificações do Tesouro dos EUA sobre a aplicação da Lei Global Magnitsky, que envolve o congelamento de ativos no exterior e limitações às relações com empresas sancionadas. Esse aviso atingiu tanto bancos brasileiros quanto americanos, e as instituições já responderam às autoridades americanas.
Os EUA ampliaram as sanções focando em pessoas físicas, incluindo a esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e seu instituto, além de outras autoridades brasileiras, principalmente ligadas ao STF.
Apesar dessas novas sanções, um banqueiro acredita que a possibilidade de um banco ser penalizado diretamente diminuiu, o que é uma grande preocupação para o setor financeiro e para o governo brasileiro. Um diplomata brasileiro também confirma essa preocupação, mas prefere manter o anonimato.
Outro banqueiro considera a sinalização da conversa entre Lula e Trump uma esperança para superar a crise na relação entre os dois países, a pior em mais de 200 anos. Ele pede mais racionalidade e critica a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro nos EUA, por ter estimulado o aumento das sanções.
O setor privado brasileiro tem se empenhado para facilitar o diálogo entre os dois presidentes, indo pessoalmente a Washington e contratando escritórios de lobby para melhorar as relações bilaterais.
Com esse sinal positivo, empresários brasileiros estão mais aliviados. Durante um encontro rápido e histórico na ONU, Lula e Trump concordaram em conversar na próxima semana para melhorar a relação. Trump elogiou Lula na Assembleia Geral, logo após um discurso firme do presidente brasileiro, que condenou as sanções e defendeu a soberania e a democracia como princípios inegociáveis.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Ricardo Alban, afirmou que a perspectiva de diálogo entre os presidentes pode ajudar a reduzir as tarifas americanas impostas ao Brasil. Já a Amcham Brasil espera que essa conversa abra um caminho para um diálogo estruturado e de alto nível sobre economia e comércio, reforçando a parceria entre os dois países.
Em setembro, a CNI organizou uma missão empresarial a Washington com cerca de 130 empresários de diferentes setores, que se reuniram com autoridades americanas. Durante o encontro, o vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, comentou que a questão das tarifas brasileiras tinha um caráter político.
Estadão Conteúdo
