CRISTIANE GERCINA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Os bancos de todo o país pararam temporariamente a oferta do empréstimo consignado para trabalhadores com carteira assinada (CLT), também conhecido como Crédito do Trabalhador.
Durante esse período, não será possível contratar esse tipo de empréstimo. A previsão é que a suspensão dure até novembro, cerca de dois meses.
Os contratos antigos são de funcionários que tinham esse benefício em bancos antes da nova versão lançada em março deste ano. O novo modelo mantém o desconto direto no salário, mas não exige mais um acordo entre a empresa e o banco para o empréstimo ser liberado.
O valor das parcelas é descontado diretamente do salário do trabalhador, que pode comprometer até 35% da sua renda.
Quando foi lançado, esperava-se que as taxas de juros fossem menores, mas isso ainda não aconteceu.
Segundo o Banco Central, a taxa média do consignado privado em maio foi de 55,6% ao ano, uma leve queda em relação a abril, que teve 59,1%, o maior nível desde 2011.
O governo acredita que as taxas deveriam estar mais baixas. Para servidores públicos, a taxa média em maio foi de 24,8%, e para beneficiários do INSS, de 24,3% ao ano.
Atualmente, o trabalhador pode transferir seu empréstimo consignado de um banco para outro se encontrar condições melhores.
Com a migração dos contratos, será possível fazer essa transferência de forma online pelo aplicativo oficial.
O Ministério do Trabalho e Emprego espera que, ao reunir as propostas dos bancos no app, os trabalhadores possam negociar melhores taxas para os contratos antigos.
Os dados mostram que 62,61% dos empréstimos foram para profissionais que ganham até um salário mínimo. Até junho, foram contratados R$ 14,6 bilhões, com 2,6 milhões de novos contratos.
Desses, R$ 7 bilhões foram para trabalhadores que ganham até quatro salários mínimos, R$ 3 bilhões para quem ganha entre quatro e oito salários, e R$ 4,4 bilhões para salários acima de oito mínimos.
Os bancos também priorizam trabalhadores com mais tempo de emprego. Quem ganha até dois salários mínimos contratou em média R$ 3.391,60, enquanto aqueles que ganham mais de oito salários mínimos contrataram empréstimos médios de R$ 9.079,23.