MAELI PRADO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, afirmou que é errado pensar que os bancos preferem juros altos durante uma entrevista sobre o balanço trimestral do banco.
Ele comentou uma declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que disse que os bancos pressionam o Banco Central para manter a taxa Selic alta, atualmente em 15% ao ano.
Milton Maluhy Filho esclareceu que os bancos preferem trabalhar com juros baixos, de um dígito, ao invés de juros altos, de dois dígitos.
Segundo ele, juros elevados por longo tempo aumentam o risco de inadimplência e dificultam o crescimento dos bancos. Com juros mais baixos, consumidores e empresas tendem a gastar e investir mais, o que beneficia o setor bancário.
O executivo espera que a taxa Selic comece a ser reduzida a partir de janeiro, com um corte inicial de 0,25 ponto percentual. Atualmente, o mercado espera que o Banco Central mantenha a taxa na próxima reunião.
Maluhy destacou que a inflação deve convergir para as metas do Banco Central, abrindo espaço para redução de juros e aliviando a economia.
Sobre o crédito, ele afirmou que há potencial para crescimento focado em clientes financeiramente fortes e comprometidos, garantindo relações duradouras e sustentáveis.
As eleições de 2026 podem trazer mais variações e demandar cautela no setor.
A inadimplência entre pessoas físicas está no menor nível da história, com estabilidade nos atrasos de pagamentos entre 15 e 90 dias.
Já a inadimplência entre empresas apresenta sinais de maior dificuldade, refletidos em recuperações judiciais e atividades diárias. Apesar do cenário incerto, o banco está confortável com suas reservas para perdas.
Maluhy acredita que não há risco iminente de crise no crédito para empresas, mas o comportamento dos empréstimos dependerá da duração da manutenção dos juros em níveis elevados. Reduções nas taxas podem aliviar essa pressão, enquanto expansão fiscal rápida e juros altos prolongados aumentam os riscos.
O Itaú Unibanco reportou lucro gerencial recorrente de R$ 11,9 bilhões no terceiro trimestre, um crescimento de 11,3% em relação ao ano anterior, impulsionado pelo aumento da carteira de crédito e das receitas com seguros e serviços.

