NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
Nos últimos dez meses, bancos e instituições de pagamento eliminaram as chaves Pix de 9,1 milhões de brasileiros devido a irregularidades no CPF junto à Receita Federal. Essa medida foi determinada pelo Banco Central para aumentar a segurança no sistema financeiro e evitar fraudes.
O número é maior do que o previsto inicialmente pelo Banco Central, que estimava que cerca de 8 milhões de chaves com problemas no CPF seriam afetadas.
Foram canceladas as chaves de pessoas físicas com CPF suspenso, cancelado ou nulo, além das de titulares falecidos. A ação, iniciada em março, visa combater golpes sem prejudicar quem está atrasado no pagamento de impostos.
O Banco Central avalia que a medida tem tido efeito positivo, dificultando que criminosos criem chaves semelhantes a nomes de empresas reais para aplicar golpes.
Problemas com erros na grafia dos nomes foram a principal causa das exclusões, segundo o BC.
Pessoas físicas podem registrar até cinco chaves Pix por conta, e empresas até 20 chaves.
De março a dezembro, foram removidas 13,4 milhões de chaves de pessoas físicas e 5 milhões de pessoas jurídicas.
Entre as empresas, 3,4 milhões de CNPJs estavam em situação irregular na Receita.
Segurança reforçada
O Banco Central tem dado atenção especial à segurança do Pix, que completou cinco anos em 2025, especialmente após ataques hackers que desviaram grandes quantias.
Foram adotadas várias ações para fechar vulnerabilidades, incluindo medidas focadas em prestadores de serviços de tecnologia ligados ao sistema financeiro.
O BC já excluiu 33 instituições do Pix por falhas nos controles contra fraudes e suspendeu outras sete cautelarmente.
Outras 31 instituições sem autorização terão até março de 2026 para se regularizarem, ou serão banidas do sistema.
Desde as medidas emergenciais, não houve novos ataques cibernéticos; o último foi em outubro.
João Manoel Pinho de Mello, ex-diretor do BC e um dos responsáveis pelo lançamento do Pix, destaca que, além de seguro, o sistema precisa parecer seguro para os usuários. Ele apoia as medidas recentes adotadas.
Hoje, nove servidores cuidam da segurança do Pix, e em 2025 sete servidores dedicados estarão totalmente focados nessa função.
Novidades para 2026
O Banco Central planeja lançar um sistema que usa inteligência artificial para indicar a chance de fraude em transações Pix. Essa ferramenta ajudará as instituições financeiras a decidir se autorizam ou não uma operação.
Esse sistema envolve análise de dados e aprendizado de máquina, com base nas informações sobre transações e fraudes cadastradas pelo BC. A previsão é que comece a funcionar em 2027 devido à complexidade do desenvolvimento.
Outro foco é aprimorar o botão de contestação do Pix, criado para facilitar a comunicação de golpes. Embora tenha aumentado os pedidos de devolução, a taxa de ressarcimento ainda é inferior a 10%.
O BC continuará monitorando o desempenho do botão e pode fazer ajustes se ele não melhorar.
Pix no exterior
O Banco Central também busca regulamentar o uso do Pix para pagamentos no exterior, criando regras para identificar recebedores fora do Brasil e evitar lavagem de dinheiro e fraudes.
Atualmente, o BC não consegue monitorar completamente transações feitas para estabelecimentos fora do país, como uma loja em Buenos Aires que recebe Pix via parceiro brasileiro.
O objetivo é tornar mais transparente o processo, melhorando a comunicação entre instituições financeiras e finalizando este projeto até 2027.

