ANA POMPEU
FOLHAPRESS
A Polícia Federal descobriu várias operações duvidosas no Banco Master, que incluem manipulação de investimentos e desvio de dinheiro de fundos. Essas informações aparecem em uma decisão judicial que autorizou a prisão do banqueiro Daniel Vorcaro.
A investigação mostrou que a instituição financeira usava empresas falsas para beneficiar os sócios e alterava os resultados financeiros. Foram descobertas pelo menos cinco situações suspeitas, identificadas em processos oficiais da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, afirmou que o banco e suas empresas associadas compraram ativos de baixo valor e depois aumentaram esses valores artificialmente para melhorar os resultados apresentados.
Além disso, há suspeitas de fraudes em fundos imobiliários ligados ao Master, que incluem investimentos em cemitérios e empresas funerárias.
Essas operações podem ter sido planejadas para desviar recursos de fundos e prejudicar os investidores, além de possivelmente usar valores do Fundo Garantidor de Créditos de forma indevida.
O banco também enfrenta acusação de violar regulamentos do mercado financeiro, como manipulação de preços e uso de informações privilegiadas.
O juiz destacou que a repetição das infrações demonstra um padrão criminoso envolvendo os dirigentes do banco, o que fundamentou a prisão de Vorcaro.
Daniel Vorcaro foi preso em São Paulo, e o Banco Central decretou a liquidação do Banco Master.
Consultoria suspeita
As investigações indicam que o BRB, banco estatal do Distrito Federal, não poderia aumentar sua exposição ao Master. Para burlar essa regra, o banco usou uma consultoria criada recentemente, chamada Tirreno, que teve como diretor um ex-funcionário do Master, André Felipe de Oliveira Seixas Maia, também preso.
Essa empresa parecia existir apenas para apoiar as operações entre o Master e o BRB, sem registros de crédito em outros lugares.
Entre julho de 2024 e outubro de 2025, o BRB fez operações com o Master que totalizaram mais de R$ 16,7 bilhões, usando uma engenharia financeira para captar recursos.
O BRB também fez um distrato com a Tirreno, trocando carteiras de crédito para ajustar os valores, o que ultrapassou os limites permitidos por lei, já que o limite de exposição ao Master era de cerca de R$ 1,125 bilhão.
O então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado por 60 dias. Ele afirmou que as operações com carteiras são comuns, e que quando divergências foram encontradas, o banco tomou providências e notificou o Banco Central.
Clínica suspeita
A investigação também identificou que o Master teria usado uma clínica em Eldorado (MG), controlada por uma sócia considerada ‘laranja’ no esquema, para emitir notas comerciais no valor de R$ 361 milhões entre 2021 e 2025.
Essas notas foram vendidas para um fundo de investimento cujo único cotista é o Banco Master, o que teria sido uma forma de aumentar artificialmente o patrimônio do banco.
Segundo o juiz, esses emissores estavam emitindo notas em valores muito maiores do que suas receitas, o que pode esconder a real situação financeira e levar investidores a cometer erros sobre os riscos envolvidos.
