O Banco do Brasil (BB) já liberou cerca de R$ 85 bilhões em empréstimos para o setor do agronegócio na temporada 2025/26, que começou em 1º de julho e vai até 30 de junho de 2026. Esse valor inclui vários tipos de crédito rural, títulos agrícolas como Cédulas de Produto Rural (CPRs), crédito para agroindústrias e fundos para os negócios da cadeia produtiva do agronegócio, todos concedidos entre julho e o fim de novembro, além das renegociações de dívidas rurais já existentes.
Esse montante é menor do que os R$ 105 bilhões concedidos no mesmo período da safra anterior. Os números foram divulgados pelo vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar do banco, Gilson Bittencourt.
Quando analisamos apenas os créditos rurais, houve uma redução no total de R$ 78,3 bilhões liberados na atual safra, comparado aos R$ 96 bilhões do período anterior. Mesmo com essa queda, o BB espera um melhor equilíbrio nos empréstimos até o final da safra, em julho de 2026. No total, o banco planeja disponibilizar R$ 230 bilhões em financiamentos para o agronegócio neste ciclo. Bittencourt afirmou que há muitas solicitações em análise e que é provável que várias linhas de crédito cheguem ao limite, exigindo ajustes entre elas.
O valor oferecido pelo BB nessa safra é 2% maior que o da temporada passada, 2024/25. Destes recursos, R$ 106 bilhões são para grandes produtores, cooperativas e agroindústrias, R$ 54 bilhões para agricultores familiares e produtores de médio porte, e R$ 70 bilhões para negócios ligados à cadeia de valor do agronegócio.
Na agricultura familiar, o desempenho dos financiamentos está conforme o esperado, com o Pronamp próximo dos níveis do ciclo anterior. Segundo o vice-presidente, o banco deve cumprir o Plano Safra respeitando as taxas controladas. Já na agricultura empresarial, há uma queda no interesse por investimentos novos, entre 35% a 40%, devido às taxas de juros altas e a rentabilidade perto de parâmetros históricos. Bittencourt sugere que apenas produtores financeiramente saudáveis façam novos investimentos agora, pois é um período para reorganizar o fluxo de caixa enquanto as taxas de juros estão mais altas. Ele observa também uma redução na demanda por crédito para custeio agrícola nesta modalidade.
Quanto ao progresso da safra, o BB monitora os possíveis impactos do fenômeno climático La Niña, mas avalia que, em geral, a produção está dentro do esperado. O banco cita previsões positivas da produção feitas pelo IBGE e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com a maior parte das áreas já plantadas e sem indicação de redução significativa das áreas cultivadas.
Sobre os preços, o banco percebe que os valores dos principais produtos agrícolas estão voltando a níveis habituais históricos, assim como a rentabilidade dos produtores. Bittencourt destaca que áreas com custo de produção muito elevado começam a ficar inviáveis. Até o momento, a área plantada está conforme a previsão, e a produção também, sem sinais claros de redução no uso do pacote tecnológico que poderia afetar a produtividade. A expectativa é de que não haja impacto nesse sentido.
Fonte: Estadão Conteúdo.

