Eduardo Cucolo
Folhapress
O diretor de Regulação do Banco Central, Gilneu Vivan, apresentou uma ideia para tornar as parcelas dos financiamentos imobiliários corrigidos pela inflação mais estáveis e previsíveis.
O plano consiste em adicionar um componente fixo na fórmula que calcula o valor das prestações, com a intenção de reduzir o impacto das variações nos preços sobre o valor mensal a ser pago.
Com isso, as parcelas teriam menos variação, o que ajudaria os mutuários a prever melhor quanto vão comprometer de sua renda, mesmo quando a inflação estiver alta.
Esse estudo foi publicado em uma nota técnica do Banco Central, mas não representa uma política oficial da instituição.
Gilneu Vivan explicou que os contratos que corrigem os valores pela inflação assustam os mutuários, pois o aumento das prestações nem sempre acompanha o crescimento da renda, o que pode causar dificuldades para pagar e aumentar o risco de inadimplência.
O estudo detalha a aplicação dessa proposta nos dois principais sistemas de amortização usados no Brasil.
No caso do Sistema Price, que busca manter o valor das prestações constante, a atualização pela inflação pode gerar variações que comprometem esse objetivo. A solução sugerida é calcular a prestação incluindo um componente fixo que considere a inflação média esperada ao longo do contrato.
Assim, a prestação inicial seria um pouco mais alta, porém teria menos oscilações ao longo do tempo.
Se a inflação real for igual ao componente fixo, a prestação se mantém estável. Se for menor, as parcelas diminuem; se for maior, aumentam, porém com menos variações que no método atual.
Por exemplo, considerando uma inflação anual prevista de 4%: se a inflação real for 2%, a última parcela será 45% menor que a primeira usando o novo método, enquanto no método tradicional ela aumentaria 83%. Para uma inflação de 7%, a última parcela cresceria 688% no método tradicional, mas apenas 139% com a nova proposta.
Para o Sistema de Amortização Constante (SAC), atualmente o mais popular no país, a proposta é incluir um componente fixo na amortização para refletir a inflação esperada, garantindo que as parcelas diminuam com o tempo, o que nem sempre ocorre com a correção inflacionária atual.
Com essa nova fórmula, a última prestação será menor que a primeira em todos os exemplos analisados, o que não acontece com o método tradicional.
O Banco Central ressaltou que a publicação dessa nota técnica acontece em um momento de mudanças no crédito imobiliário no Brasil.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou um novo modelo de crédito com o objetivo de facilitar o acesso da classe média à casa própria, tornando o uso da poupança mais eficiente, liberando recursos congelados no Banco Central e ampliando a oferta de financiamentos com menos entrada e aumento dos limites para avaliação de imóveis financiados pelo SFH (Sistema Financeiro de Habitação).