Em ata, Comitê de Política Monetária disse que redução dos juros para além dos atuais 5,5% depende de “balanço de riscos e expectativas para a inflação”
São Paulo — O Banco Central (BC) voltou a indicar nesta terça-feira, 24, por meio da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que “a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo (monetário)”. Em outras palavras, a sinalização é de que cortes adicionais da Selic (a taxa básica de juros) devem ocorrer.
Na semana passada, em sua decisão de política monetária, o Copom reduziu a Selic de 6,00% para 5,50% ao ano. Foi o segundo corte consecutivo de meio ponto porcentual no atual ciclo de baixa da taxa básica, após 16 meses de estabilidade.
Na ata do encontro, divulgada nesta manhã, o BC também repetiu uma ideia contida no comunicado da semana passada: a de que “a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve ajuste no grau de estímulo monetário, com redução da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual”.
Ao mesmo tempo, o BC enfatizou que, apesar da avaliação de que a taxa poderá cair ainda mais, “os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”. Na prática, o recado é de que o Copom tomará sua decisão sobre juros apenas no momento da próxima reunião, marcada para o fim de outubro.
O Banco Central reafirmou na ata que “o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira tem avançado”. Ao mesmo tempo, o BC enfatizou que “perseverar nesse processo é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia”.
Estas ideias já haviam sido expressas pelo BC no comunicado do último encontro do Copom, divulgado na quarta-feira passada (dia 18).
Entre as reformas pretendidas pelo governo, a principal é a da Previdência, cujo projeto está atualmente em tramitação no Senado.
Na ata agora divulgada, o Copom ressaltou ainda que “a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes”. “Em particular, o Comitê julga que avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva.”, acrescentou a instituição.