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quarta-feira, 17/09/2025

Banco Central mantém juros em 15% ao ano pela segunda reunião seguida

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NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (17) manter a taxa básica de juros, conhecida como Selic, em 15% ao ano pela segunda vez consecutiva.

O período de aumento dos juros foi interrompido na reunião anterior, em julho, deixando a Selic no maior patamar dos últimos 19 anos.

Na reunião passada, o colegiado do Banco Central foi cauteloso, indicando que o ciclo de aumento seria pausado nesta reunião de setembro.

A decisão desta quarta-feira acompanhou o consenso do mercado financeiro. Uma pesquisa realizada pela Bloomberg mostrou que todas as 36 instituições consultadas esperavam a manutenção dos juros no nível atual de 15% ao ano.

Durante o ciclo de elevação dos juros, que aconteceu de setembro de 2024 a junho deste ano, a Selic subiu 4,5 pontos percentuais — passando de 10,5% para 15% ao ano. Ao todo, foram sete aumentos, uma transição que ocorreu entre a gestão do ex-presidente Roberto Campos Neto, encerrada em dezembro de 2024, e a atual administração do Banco Central, liderada por Gabriel Galípolo, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nas últimas semanas, a economia apresentou sinais mais positivos, ajudando o Banco Central a tentar corrigir a inflação para a meta estabelecida.

O objetivo do Banco Central é manter a inflação próxima dos 3%. No sistema de metas, a meta é considerada quebrada quando a inflação acumulada ultrapassa o limite de tolerância, que varia entre 1,5% e 4,5%, por seis meses seguidos.

O primeiro registro fora da meta ocorreu em junho deste ano. Em agosto, foi observado o primeiro recuo dos preços em um ano, com queda nos custos de luz, gasolina e alimentos. Mesmo assim, no acumulado dos últimos 12 meses até agosto, a inflação medida pelo IPCA chegou a 5,13%, acima do limite permitido.

As projeções para a inflação a médio prazo melhoraram um pouco, mas ainda estão acima da meta central. O último boletim Focus indica que os analistas esperam que o IPCA termine 2026 em 4,3%. Para 2027, a projeção caiu para 3,9%. Considerando o atraso dos efeitos da política de juros, o Copom está focado na inflação do primeiro trimestre de 2027.

Em relação ao cenário internacional, o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) reduziu os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4% e 4,25% ao ano. Essa redução ocorreu em meio a críticas do ex-presidente Donald Trump à independência da instituição.

O aumento da diferença entre as taxas americanas e brasileiras pode tornar os investimentos no Brasil mais atraentes e ajudar a manter o dólar estável. Na última semana, o dólar caiu e chegou a ficar abaixo de R$ 5,30. Em julho, o Banco Central usou a cotação de R$ 5,55 para suas projeções.

Os impactos da guerra comercial continuam no radar do Copom, especialmente após novas ameaças do governo Trump, reagindo à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF (Supremo Tribunal Federal). No entanto, a tensão está menor que na reunião anterior, quando o governo americano confirmou uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA.

Quanto ao cenário interno, há sinais de desaceleração na economia a partir do segundo trimestre deste ano. Isso levou até mesmo o Ministério da Fazenda a reduzir a projeção de crescimento do PIB para 2025, de 2,5% para 2,3%.

Por outro lado, mesmo com juros altos, o mercado de trabalho apresenta resistência. A taxa de desemprego caiu para 5,6% no trimestre encerrado em julho, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), atingindo o menor nível desde o início da série histórica da Pnad Contínua, em 2012.

O Copom voltará a se reunir nos dias 4 e 5 de novembro, no penúltimo encontro do ano, para avaliar a inflação do segundo trimestre de 2027.

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