O Banco Central (BC) deve iniciar o próximo ano com dois diretores a menos. Isso porque os diretores Renato Dias de Brito Gomes, responsável pela Organização do Sistema Financeiro, e Diogo Abry Guillen, da área de Política Econômica, vão deixar seus cargos em 31 de dezembro.
Até agora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não anunciou os novos indicados para compor a diretoria do BC e o Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado financeiro espera que as novas indicações reflitam os interesses do governo, seguindo o padrão das nomeações feitas pelo presidente.
Mesmo que as indicações sejam feitas nos próximos dias, os nomes precisarão ser aprovados pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, o que pode enfrentar dificuldades devido à recente tensão entre o Executivo e o Legislativo, que também afeta outras nomeações importantes.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil – AP), cancelou temporariamente o cronograma de sabatina da indicação para o Supremo Tribunal Federal, alegando atrasos no envio formal dos documentos pelo governo. Essa situação pode influenciar o tempo disponível para a aprovação dos indicados ao BC.
O Congresso entra em recesso em 22 de dezembro, o que limita ainda mais o tempo para as nomeações serem analisadas e aprovadas.
Atualmente, o BC tem 9 diretores, dos quais 7 são indicados por Lula durante seu mandato, e 2 indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A lei que garante a autonomia do BC estabelece mandatos fixos de quatro anos para todos os diretores.
Os nomes indicados por Lula que compõem atualmente a diretoria do BC são: Gabriel Galípolo (presidente), Ailton Aquino (Fiscalização), Gilneu Vivan (Regulação), Izabela Moreira Correa (Cidadania e Supervisão de Conduta), Nilton David (Política Monetária), Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos) e Rodrigo Alves Teixeira (Administração).
Com as mudanças, o BC será totalmente formado por indicados do presidente Lula, possivelmente adotando uma postura mais moderada e flexível na política monetária, buscando favorecer o crescimento econômico e a geração de empregos.
A taxa básica de juros (Selic) está atualmente em 15% ao ano, um nível considerado bastante restritivo pelo governo. O BC indica que não prevê uma redução da Selic no curto prazo, mantendo a taxa por um período prolongado.
Economistas e membros do governo defendem a redução da Selic, especialmente porque a inflação medida pelo IBGE tem se aproximado da meta de 3% ao ano, com uma margem de tolerância de 1,5% para mais ou para menos.
Sobre o Copom
- O Comitê de Política Monetária é responsável por definir a taxa básica de juros da economia, a Selic.
- Quando a inflação sobe, a Selic também sobe para controlá-la; quando a inflação está baixa, há espaço para reduzir os juros.
- O Copom é formado pelo presidente do BC e seus diretores especializados em áreas como política econômica e regulação.
- O comitê se reúne a cada 45 dias para analisar dados econômicos antes de votar a taxa de juros.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou que, se fosse diretor do BC, já teria apoiado a redução dos juros. Até agora, todas as decisões do Copom têm sido unânimes pela manutenção da taxa Selic, algo que pode mudar na próxima reunião, prevista para os dias 10 e 11 de dezembro.

