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quinta-feira, 26/06/2025




Banco Asiático inicia financiamento no Brasil focando em ‘natureza como infraestrutura’

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NELSON DE SÁ
PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS)

O Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), concorrente do Banco Mundial baseado em Pequim, anunciou um financiamento para o Brasil com uma abordagem inovadora: considerar a natureza como infraestrutura. O objetivo é restaurar os manguezais, que atuam como reservatórios naturais de carbono.

Segundo o economista-chefe do banco, o sueco Erik Bergloff, esta será a primeira iniciativa dentro da nova categoria de Financiamento Baseado em Política Climática. Ele afirma que, com isso, “podemos começar a aprimorar as políticas de investimento voltadas à preservação da natureza”.

Essa metodologia se baseia em uma análise tradicional de custo-benefício, porém enriquecida pela avaliação do capital natural.

No Brasil, que possui a segunda maior extensão de manguezais do mundo, esses ecossistemas são avaliados não apenas pela capacidade de estocar carbono, mas também pelos demais benefícios ambientais que proporcionam, para aprovar o financiamento.

Bergloff destacou como inspiração para essa estratégia a resposta do AIIB à recente crise causada por enchentes no Rio Grande do Sul. O banco buscou soluções que contemplassem tanto a recuperação da infraestrutura urbana afetada quanto a utilização da própria natureza, como a preservação de áreas a montante, para controlar futuras inundações.

De acordo com um executivo da instituição, o anúncio feito durante a décima reunião anual do AIIB confirma o compromisso do banco em apoiar projetos ambientalmente sustentáveis no Brasil, com foco na valorização da natureza como componente estrutural.

O encontro, realizado no Parque Olímpico de Pequim onde fica a sede do banco, reuniu mais de 3.500 representantes de cerca de 100 países, incluindo dois brasileiros: o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa, atualmente diretor do BNDES, e a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito.

Barbosa, que estava ao lado de Bergloff, mencionou iniciativas ambientais do governo Lula, como o monitoramento dos impactos dos projetos de infraestrutura via satélites. Contudo, ele enfatizou especialmente o fundo nacional criado por Lula, após o fracasso das doações internacionais.

“Muitas vezes se anunciam bilhões em reuniões internacionais, mas o dinheiro jamais chega”, afirmou Barbosa. “Por isso o terceiro governo Lula optou por agir por conta própria.”

No Fundo Clima, recursos captados no exterior pelo Tesouro Nacional são geridos pelo BNDES e aplicados em reais nos projetos ambientais domésticos. Em 2023, o fundo contou com US$ 2 bilhões.

“O Tesouro assume o risco cambial”, explicou Barbosa. “Assim, conseguimos converter as taxas internacionais em dólar para a moeda brasileira, reduzindo pela metade o custo dos projetos.”

Durante a reunião anual, Zou Jiayi, ex-vice-ministra das finanças da China, foi eleita presidente do AIIB a partir de janeiro. Com experiências no Banco Mundial e no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), com sede em Xangai, ela assumirá a presidência do AIIB em um momento de crescimento da instituição.

O Brasil é um dos membros fundadores do banco de Pequim, mas dedica maior atenção ao NDB. Entre os 110 membros do AIIB estão países como Índia, Rússia, Indonésia, Irã, Arábia Saudita, Egito, África do Sul, Etiópia, Argentina, Chile e algumas nações europeias, como Alemanha, França e Reino Unido. Os Estados Unidos, contudo, não fazem parte do grupo.




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