O pacto de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul progrediu após o Conselho da União Europeia aprovar o texto final na quarta-feira, 3 de setembro. Essa evolução ocorre em meio à disputa tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Acordo entre União Europeia e Mercosul
As negociações para o tratado começaram em 1999 e foram concluídas recentemente durante a cúpula do Mercosul no Uruguai. Entre os principais termos está a eliminação gradual de impostos sobre até 92% das exportações entre os dois blocos. Agora, o texto aguarda a aprovação do Parlamento Europeu para entrar em vigor.
Após 25 anos de negociações, o acordo está na etapa final, aguardando a aprovação de pelo menos 15 dos 27 países membros da UE para ser efetivado.
Tarifas impostas por Trump
A concretização do acordo ocorre em um contexto de altas tarifas impostas pelos EUA, com o Brasil sofrendo taxas de 50% e a UE de 15%. Economistas consultados veem o acordo como uma oportunidade para que ambos os blocos contornem as barreiras tarifárias americanas.
Segundo o economista e consultor financeiro Andre Mirsky, apesar de não envolver diretamente os EUA, o pacto pode ampliar o mercado para exportações da UE e Mercosul, ajudando a mitigar perdas provocadas pelas tarifas norte-americanas e redirecionar produtos brasileiros antes destinados aos EUA para consumidores europeus.
Perspectiva para o Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou a expectativa de que o acordo seja concluído até o final do ano, coincidente com o término da presidência rotativa brasileira no Mercosul. Enquanto isso, o governo busca alternativas para reduzir o impacto das tarifas americanas, diante de negociações estagnadas com Washington.
Estudos da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) indicam que o acordo poderá aumentar as exportações brasileiras para a UE em mais de US$ 7 bilhões no curto prazo e gerar um impacto de R$ 37 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) até 2044.
O economista Sidney Proença destaca que o acordo posiciona o Brasil como um fornecedor importante de alimentos, grãos, carnes, minérios e petróleo para a Europa, promovendo a diversificação de mercados e parcerias, além de transformar pressões externas em oportunidades para o crescimento brasileiro.