De janeiro a abril de 2025, o Distrito Federal realizou 655 transplantes, sendo 599 deles em situações de emergência. Isso representa um aumento de 6,5% comparado ao mesmo período do ano anterior, quando foram realizados 615 procedimentos. O transplante consiste na troca de um órgão ou tecido doente por um saudável, vindo de um doador vivo ou falecido.
No Distrito Federal, são transplantados órgãos como coração, rins, fígado, pele, córneas e medula óssea. A rede privada oferece os mesmos tipos de transplantes, exceto para pele, que é exclusivo do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Os transplantes de rim e córnea são feitos no Hospital de Base e no Hospital Universitário de Brasília.
O Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF), que presta serviço para a Secretaria de Saúde, realiza transplantes de coração, rim, fígado, córnea e medula óssea. O transplante de medula óssea em crianças é realizado pelo Hospital da Criança de Brasília José Alencar.
Marcos Antônio Costa, superintendente do ICTDF, destaca que o Distrito Federal é referência nacional na área de transplantes por contar com um instituto bem estruturado e profissionais altamente qualificados, muitos originários do renomado InCor da USP.
A Central Estadual de Transplantes (CET) coordena as atividades de transplante na região. De acordo com a gerente geral de Assistência do ICTDF, Maria de Lourdes Worisch, existe uma complexa logística para garantir que os órgãos doados cheguem em condições aos pacientes, envolvendo a escolha do doador, análise da viabilidade do órgão, preparo do receptor e equipe pronta para o procedimento.
Rafael Costa Filgueiras, responsável pelo setor de Transplantes do ICTDF, revela que desde 2009 mais de 2.800 transplantes foram realizados, incluindo fígado, medula óssea, rim, coração e córnea. O ICTDF é único no Distrito Federal em realizar transplantes cardíacos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Só em 2025, até junho, foram feitos 133 transplantes, com 261 ocorridos em 2024.
Desafios
Segundo Filgueiras, a logística é um dos maiores desafios, pois cada órgão possui um tempo limite para ser transplantado após a retirada, como quatro horas para coração, 12 horas para fígado e 48 horas para rim. O apoio da Força Aérea Brasileira, Corpo de Bombeiros, Detran e sistemas de malha aérea é essencial para o transporte rápido e eficiente dos órgãos.
Um fator fundamental para o sucesso dos transplantes é a disponibilidade de doadores. Maria de Lourdes enfatiza a importância de conversar com a família sobre a doação de órgãos, uma vez que a decisão final depende dos familiares no momento do procedimento.
Daniela Salomão, diretora da CET-DF, reforça que sem doações não há transplantes e é preciso incentivar a doação. A demanda por órgãos supera a oferta atualmente, por isso aumentar o número de doadores é vital para reduzir o tempo de espera e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Daniela destaca ainda que o Distrito Federal se destaca nacionalmente não só pelas doações locais, mas também pela captação em outros estados, o que amplia a capacidade de realização de transplantes.
‘O transplante salva e recupera a vida’
O empresário Robério Melo recebeu o diagnóstico de cirrose há oito anos e precisou ser transplantado urgentemente. Internado e sem poder se deslocar, foi avaliado no hospital por equipe do ICTDF e entrou na fila de transplantes. No último momento, recebeu um fígado compatível de um jovem doador e sobreviveu graças à generosidade da família que autorizou a doação.
Robério elogia o atendimento humanizado e comprometido do ICTDF. Ele fundou o Instituto Brasileiro de Transplantados (IBTx), que oferece suporte psicológico, jurídico e social a pessoas transplantadas e em lista de espera, ajudando também com recursos básicos.
O IBTx já auxiliou mais de 120 pessoas de outros estados que vieram receber transplantes no Distrito Federal, promovendo projetos de assistência a pacientes antes e depois das cirurgias, contando com voluntários que são transplantados e conhecem as necessidades específicas.
Robério chama atenção para a importância da conscientização sobre doação de órgãos e assegura a confiabilidade do sistema brasileiro de transplantes, que é auditado rigorosamente. Ele enfatiza: “O transplante salva vidas. Eu estou aqui porque o SUS salvou a minha vida”.
Transplantes de órgãos e tecidos no Brasil
O Brasil é líder mundial em transplantes, contando com o maior sistema público do mundo. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) organiza desde a identificação dos doadores até a realização dos procedimentos, com uma fila nacional que prioriza critérios técnicos e não diferencia classe social.
O SNT também promove a capacitação dos profissionais da área da saúde, aumenta a conscientização da população sobre a doação e garante a qualidade e segurança dos transplantes no país.
Fonte: Agência Brasília