Os termômetros dispararam ao redor da Europa nesta semana e os meteorologistas da região alertam que eventos climáticos severos como esse devem se tornar cada vez mais comuns. Há previsão, por exemplo, de 45 graus de temperatura na França nesta semana batendo um novo recorde para o país.
Se o desconforto causado pela temperatura senegalesa fosse o único problema, ainda vá lá. A questão, no entanto, é bem mais complexa.
Um relatório divulgado em Paris aponta que o os franceses estão muito aquém das promessas feitas para combater as mudanças climáticas. A emissão de gases poluentes no país ainda não caiu conforme o prometido, o que é um constrangimento claro para o presidente local.
Emmanuel Macron, zombando de Donald Trump, que dentro de suas ideologias de botequim não acredita no aquecimento global, disse que faria o planeta grande novamente. Macron tenta mobilizar a Europa para zerar suas emissões de carbono até 2050, mas a verdade é que ele não está cuidando nem da própria cozinha.
É verdade que a matriz energética francesa é muito menos poluidora que vários vizinhos europeus. 75% dela é dedicada a energia nuclear. Mas entre 2015 e 2018 as emissões de carbono do país caíram apenas 1,1%.
O Reino Unido, por sua vez, tem sido bastante agressivo neste tema, com investimentos pesados em energia menos poluente – mas também ainda precisa fazer mais. O prefeito de Londres tem guerra declarada contra automóveis, sobretaxa em muito a circulação de carros a diesel e pretende criar novas restrições.
Enquanto isso, na Espanha, a capital Madri discute se irá cometer um retrocesso histórico na tentativa de melhorar a qualidade do ar local. Os conservadores voltaram ao poder nas últimas eleições e prometeram acabar com a restrição de veículos no centro da cidade numa tentativa da antiga prefeita, que é de esquerda, para melhorar o ar da cidade. Já há inclusive manifestação marcada para impedir que a restrição seja retirada, o que indica como o tema virou relevante por aqui.
O debate, em Madri, lembra até o que já ocorreu em São Paulo em relação ao rodízio de veículos. Medida bastante progressista que, não podemos esquecer, começou por conta da qualidade do ar na cidade e que hoje seria praticamente impensável retirá-la do cotidiano paulistano.