Por Vítor Ventura
Diferente do que vem ocorrendo na maior parte do Brasil, o Distrito Federal viu crescer a insegurança alimentar em seus lares. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2023, 23,5% dos domicílios no DF enfrentavam insegurança alimentar. Esse número subiu para 27% em 2024. Apenas outros três estados também apresentaram aumento: Roraima, Amapá e Tocantins.
Enquanto no Brasil houve uma redução no índice geral de insegurança alimentar, passando de 27,6% para 24,2%, o DF teve o contrário.
Insegurança alimentar significa não ter acesso constante a alimentos bons e em quantidade suficiente para uma vida saudável. Um domicílio é considerado nessa situação se seus moradores, nos últimos três meses, ficaram preocupados com a falta de comida, sofreram com a falta dela antes de poder comprar mais, não tiveram dinheiro para uma alimentação saudável, ou precisaram comer poucos tipos de alimentos devido à falta de recursos.
A insegurança alimentar pode ser leve, moderada ou grave, conforme a qualidade e quantidade de alimentos disponíveis. Em 2023, no DF, a insegurança leve era 14,7%, subindo para 18% em 2024. A insegurança moderada ficou estável em 4,8%. A gravidade aumentou ligeiramente, de 4% para 4,2%.
Albaneide Peixinho, nutricionista e presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do DF (Consea-DF), destaca que esse aumento preocupa, pois o Brasil, em geral, tem melhorado. No DF, a desigualdade é marcante: há uma renda média alta, mas uma grande parte da população enfrenta dificuldades para garantir o básico, inclusive a alimentação.
O Consea-DF é formado por representantes da sociedade civil e do governo, e apoia a gestão de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional no DF.
Segundo Albaneide, uma das razões para o crescimento da insegurança alimentar é que as políticas públicas ainda não abrangem todas as famílias necessitadas, por limitações de recursos e pela falta de ações para encontrar aqueles em situação mais grave.
Para melhorar a situação, é necessário fortalecer e ampliar o alcance dos programas existentes, garantindo que cheguem a quem mais precisa.
Informações adicionais
O IBGE explica que a insegurança alimentar leve envolve preocupação ou dúvidas sobre o acesso a alimentos e diminuição da qualidade sem afetar a quantidade. A moderada significa falta de qualidade e redução na quantidade para adultos. A grave afeta tanto qualidade quanto quantidade para menores de 18 anos, caracterizando a fome.
Posição do Governo do DF
A Secretaria de Desenvolvimento Social do DF (Sedes-DF) ressalta que a pesquisa utilizada compreende uma amostra pequena, o que pode impactar a interpretação dos dados. Informou ainda que o investimento do governo em segurança alimentar em 2024 atingiu quase R$ 760 milhões, com inauguração de novos restaurantes comunitários e ampliação da oferta de refeições.
Apesar do aumento dos preços dos alimentos, as refeições mantiveram preços acessíveis, garantindo acesso contínuo e digno à alimentação.
O compromisso do governo local com o combate à fome foi reconhecido nacionalmente com o Selo Betinho de Boas Práticas em Segurança Alimentar e Nutricional, concedido pela Ação da Cidadania.