NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ – A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aumentou sua previsão para o crescimento médio da conta de luz dos brasileiros em 2025 para 6,3%. Este número é quase o dobro da previsão anterior de março, que era 3,5%.
De acordo com a agência, o aumento se deve ao crescimento dos gastos da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que financia subsídios e o custo da geração de energia em áreas isoladas da rede elétrica.
A Aneel afirmou que a nova previsão considera o orçamento aprovado para a CDE em julho, que é de R$ 49,2 bilhões, valor que ultrapassa em R$ 8,6 bilhões a estimativa inicial. Os aumentos ocorreram principalmente nos subsídios para geração distribuída de energia (R$ 2,6 bilhões a mais) e para usinas a diesel e carvão (R$ 2,3 bilhões a mais).
Além disso, houve um aumento na previsão de gastos com a tarifa social de energia, devido à isenção na conta de luz para famílias de baixa renda, estabelecida pela MP 1.300 editada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O governo pretende compensar esse gasto com a redução de subsídios para energias renováveis e a abertura do setor para a concorrência.
O orçamento da CDE para 2025 é 32% maior do que o de 2024, impulsionado principalmente pelos descontos para fontes renováveis, com um aumento de R$ 3,8 bilhões em subsídios para grandes projetos de energia incentivada e R$ 2 bilhões para descontos em painéis solares residenciais.
O impacto do aumento da CDE varia conforme a região e o tipo de consumidor. Para os consumidores cativos, que são atendidos pelas distribuidoras de energia, a Aneel prevê um aumento médio nas tarifas de 3,85% na região Norte e Nordeste e de 5,76% nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
A agência explicou que este efeito já foi parcialmente notado nas revisões e reajustes tarifários no primeiro semestre, mas as tarifas precisam ser ajustadas para refletir o valor final do encargo.
O boletim Info Tarifa de agosto indica que, ao final de 2025, quase 20% da conta de luz será destinada ao pagamento de encargos, que é a parcela que mais cresceu nos últimos 15 anos, com aumento acumulado de 268%, o dobro do aumento dos custos de geração e distribuição de energia.
A Aneel também afirma que a conta de luz continuará alta até o fim do ano por conta das bandeiras tarifárias, que cobram valores extras para custear o uso de usinas térmicas e para conservar água nos reservatórios das hidrelétricas.
“Com a pouca quantidade de água em todo o país, a geração de energia pelas hidrelétricas diminuiu”, disse a Aneel. “Isso aumenta os custos de produção de energia, pois é necessário usar fontes mais caras, como usinas termelétricas.”
Em agosto, a Aneel acionou a bandeira tarifária vermelha no nível 2, que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos. A expectativa é que essa bandeira retorne ao nível verde, sem custo adicional, em dezembro.