O medo dá lugar às habilidades do circo, como malabarismo, acrobacias e cambalhotas, no projeto IntegrArte, que oferece aulas gratuitas e regulares de arte circense para crianças e adolescentes de 7 a 17 anos em situação de vulnerabilidade social em Arniqueira. As aulas acontecem nas segundas-feiras, nos períodos da manhã (9h30 às 11h) e à tarde (15h às 16h30), financiadas pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC-DF) com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF). O objetivo é promover o desenvolvimento físico, emocional e social através do circo.
O projeto é desenvolvido pela Associação Cultural, Esportiva e Turística (Ascetur) desde maio, no Centro Social Formar, que atualmente atende cerca de 200 crianças e adolescentes sem rede familiar. As atividades combinam arte, coordenação motora e expressão corporal, transformando o espaço em um palco para descobertas e superações. As técnicas utilizam materiais simples, como bolinhas de malabarismo, sacolas plásticas e cabos de vassoura.
Acolhimento familiar
O Centro Social Formar, com 36 anos de atuação, iniciou no Guará e oferece suas atividades com indicação do Centro de Referência Social (Cras). As crianças frequentam as aulas no contraturno escolar. Adélia Amélia de Amorim Teixeira, presidente do centro, destaca que o projeto acolhe as crianças e suas famílias e é realizado em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF). Ela enfatiza a satisfação das crianças com as atividades e a importância de abrir portas para quem busca ajuda.
O IntegrArte atua em três frentes: capacitação de monitores e professores de circo na cidade, apresentações artísticas em comunidades e aulas regulares de circo. Ana Sofia Lamas, presidente da Ascetur e coordenadora pedagógica, ressalta que a multidisciplinaridade das atividades promove mudanças positivas nas crianças e adolescentes, melhorando sua relação com a comunidade e o cuidado mútuo.
“Proporcionamos uma nova experiência de movimento, socialização e vida através do circo”, comenta Ana Sofia. Ela explica que, além do benefício físico, as crianças vencem medos e desafios, saindo da zona de conforto com movimentos diversos, o que faz parte de um processo de aprendizado integrado.
A arte que cura
A professora de arte circense, Tamara Moura Marques Tiago, que atua há mais de uma década na área, relata que se apaixonou pelo circo após encontrar nessa prática uma forma de superar uma depressão. Ela destaca a importância do projeto para a saúde mental e física dos participantes.
Tamara compartilha uma experiência com uma aluna que, em um dia difícil, inicialmente chorava, mas, respeitando seu espaço, a acolheu para brincar e participar das atividades, o que trouxe uma melhora significativa em poucos minutos. Ela comenta que o malabarismo e o equilíbrio ajudam as crianças a perceber suas capacidades, estimulam a produção de endorfina e afastam sentimentos negativos, promovendo gratificação e benefícios cognitivos.
Interação
Lorrani Safira da Silva Souza, 13 anos, é uma estudante que frequenta as aulas e percebe uma melhora em sua disposição diária. Ela afirma: “Eu gosto muito, é um exercício legal, ajuda a passar o tempo e a me exercitar. Me sinto mais animada e melhor do que antes, esse projeto fez muita diferença para mim.”
Paulo Miguel Moura, 11 anos, participante desde abril, compartilha que aprendeu diversas habilidades como malabarismo e equilíbrio, além de ganhar flexibilidade e autonomia corporal. Ele valoriza as novas amizades e o apoio dos professores, dizendo que o projeto permite conhecer um mundo novo além de ficar em casa.
Em breve, o projeto iniciará a capacitação de monitores e professores de circo, abrangendo teoria e prática sobre história do circo, criatividade, organização profissional, segurança e primeiros socorros. As inscrições serão gratuitas e divulgadas no perfil oficial do projeto no Instagram. Na fase final, o IntegrArte realizará espetáculos gratuitos em espaços públicos do Distrito Federal, promovendo o circo tradicional de rua, acessível a todos e fortalecendo uma importante expressão da cultura popular brasileira.
Informações baseadas em dados da Agência Brasília.