Na terça-feira (12/08), a Comissão de Defesa do Consumidor realizou uma audiência pública para discutir os possíveis efeitos da fusão entre as redes Petz e Cobasi no mercado de produtos para animais de estimação no Brasil. Participaram do evento a deputada Gisela Simona, que presidiu a sessão, representantes da Senacom, Procons, ONGs de proteção animal, CEOs do setor e pequenos empresários.
A deputada Gisela Simona lamentou a ausência dos representantes das empresas Petz e Cobasi, convidados para a audiência. Ela destacou que essa seria uma oportunidade para que as companhias explicassem suas ações para os consumidores brasileiros. A preocupação principal é o possível aumento dos preços de rações, medicamentos e outros itens, além do risco de diminuição da concorrência, pior acesso a produtos e serviços, e enfraquecimento do comércio local.
Juliana Pereira, presidente do IPS Consumo, ressaltou que a junção de grandes empresas pode prejudicar o empreendedorismo, especialmente de pequenos e médios negócios do setor. Ela espera que o CADE defina regras claras para aprovar ou não a operação, ressaltando o impacto para empreendedores, consumidores, animais e defensores da causa animal. Para ela, é essencial que a autoridade reguladora encontre soluções para impedir aumento de preços e concentração de mercado.
Guilherme Davis, CEO da Companhia da Terra, chamou a atenção para a concentração de mercado, destacando que o faturamento conjunto de Petz e Cobasi é de cerca de R$ 7 bilhões, enquanto o de empresas menores não ultrapassa R$ 3,6 milhões. Ele também comentou os efeitos sobre empregos e pequenos negócios, representando a voz de milhares de lojistas preocupados com o futuro do setor.
Marília Martins, coordenadora do Instituto Caramelo, apontou que a fusão pode resultar no aumento dos preços e na piora dos cuidados com os animais. Segundo ela, as ONGs já estão saturadas com a ajuda necessária aos animais, e as práticas monopolistas das empresas podem agravar essa situação, causando sérios impactos para os pets.
Talita Lacerda, CEO da Petlove, alertou que a fusão pode criar monopólio em 155 localidades e concentração de mais de 70% em outras 42, limitando as opções para os consumidores. Ela destacou que lojas pequenas têm 35% mais risco de fechar após a entrada de Petz ou Cobasi em sua região, e que práticas comerciais agressivas podem prejudicar a concorrência e os donos de animais.
Márcia Moro, representante da ProconsBrasil, e Vitor Hugo, da Senacom, reforçaram a importância de uma análise cuidadosa pelo CADE e destacaram que a concorrência saudável e o direito à informação são garantidos pelo Código de Defesa do Consumidor.
A audiência deixou clara a preocupação do setor em preservar a competição justa, os preços acessíveis e o acesso fácil a produtos e serviços para pets, evidenciando os possíveis impactos econômicos e sociais caso a fusão seja aprovada sem as devidas restrições.