Um ataque realizado pelo exército de Israel em redações de jornais na cidade de Sanaa, capital do Iêmen, provocou a morte de 31 jornalistas e funcionários na semana passada. Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), divulgado em 19 de setembro, esse incidente é considerado o segundo mais letal contra profissionais da imprensa nos últimos 16 anos.
O ataque atingiu um prédio que abrigava três veículos de comunicação, os quais, conforme relatos da imprensa internacional, estariam ligados ao grupo Houthi.
Os Houthis, formados na década de 1990, ganharam notoriedade recentemente por ataques a navios no Mar Vermelho, levando os Estados Unidos a criar uma coalizão internacional para conter essa ameaça em uma rota marítima vital.
Em agosto, o primeiro-ministro do Iêmen, Ahmed Ghaleb Nasser Al-Rahawi, morreu em um bombardeio aéreo por forças israelenses, juntamente com outros ministros que o acompanhavam. O grupo, apoiado pelo Irã, classificou a ação como uma ofensiva criminosa contra sua liderança política.
Quando os jornalistas se preparavam para a edição impressa semanal, foram surpreendidos pelo ataque, resultando na morte total de 35 pessoas, incluindo uma criança que estava com um repórter, e 131 feridos.
De acordo com o CPJ, Nasser Al-Khadri, editor-chefe do jornal 26 de setembro, descreveu o episódio como um “massacre sem precedentes de jornalistas” e ressaltou: “Foi um ataque brutal e injustificável contra pessoas inocentes, cujo único crime era trabalhar na mídia, armados apenas com suas canetas e palavras”.
Além da perda humana, as instalações, gráficas e arquivos dos jornais foram destruídos pelos militares israelenses. O arquivo do 26 de setembro era considerado um dos registros históricos mais valiosos do Iêmen, contendo documentação desde o século passado, e seu desaparecimento causou grande pesar.
O exército israelense declarou que os ataques em Sanaa tiveram como alvos “instalações militares”, incluindo o departamento de relações públicas dos Houthis, e que a ação foi uma resposta à ofensiva do grupo contra território israelense.