Dois homens foram acusados pelo ataque antissemita que resultou em 15 mortes na semana passada em uma praia de Sidney, na Austrália. Eles foram descritos pela polícia como tendo planejado o ataque com muito cuidado por vários meses e até realizaram treinamentos práticos, segundo documentos judiciais divulgados nesta segunda-feira (22/12).
Os documentos revelam que os suspeitos organizaram sessões de treino com armas de fogo, possivelmente em uma área rural no estado de Nova Gales do Sul, onde está localizada a praia de Bondi, no sudeste do país. A polícia informou que os homens prepararam o ataque de forma detalhada durante meses, e imagens mostram os dois praticando com espingardas e simulações táticas.
Além disso, foi encontrado um vídeo no celular de um dos envolvidos em que ambos aparecem criticando os sionistas, em frente a uma bandeira do grupo jihadista Estado Islâmico (EI). No vídeo, eles recitam partes do Alcorão e explicam os motivos que os levaram ao ataque.
Os documentos também indicam que os atacantes fizeram uma visita para conhecer melhor a praia poucos dias antes do ataque, que é considerado um dos mais graves na história recente da Austrália.
Um dos suspeitos, Sajid Akram, de 50 anos e nacionalidade indiana, foi morto pela polícia durante a ação. Ele havia entrado na Austrália com visto em 1998. Seu filho, Naveed Akram, de 24 anos e cidadão australiano, foi levado do hospital para a prisão nesta segunda-feira e enfrenta diversas acusações, incluindo terrorismo e 15 assassinatos.
O ataque terrorista ocorreu no dia 14 na praia de Bondi, deixando 16 mortos, incluindo um dos suspeitos, e mais de 40 feridos. No domingo (21/12), a Austrália realizou um momento de silêncio para lembrar as vítimas, uma semana após o ocorrido. As autoridades afirmam que o ataque foi motivado pela ideologia jihadista do Estado Islâmico.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, pediu desculpas à comunidade judaica do país e prometeu a aprovação de leis mais rígidas contra o discurso de ódio e o extremismo. Ele reforçou que o governo trabalhará para proteger os direitos dos judeus australianos de praticar sua fé e participar da sociedade plenamente.
O governo federal da Austrália também anunciou reformas nas leis de posse de armas e no combate ao discurso de ódio, além de revisar os serviços de polícia e inteligência. Já foi apresentado um plano para recolher armas das ruas.
O estado de Nova Gales do Sul convocou seu Parlamento para discutir medidas mais duras sobre armas e a proibição de símbolos ligados ao terrorismo, como a bandeira do Estado Islâmico, que foi encontrada em um veículo relacionado a um dos suspeitos.
A nova legislação poderá limitar a quatro o número de armas que uma pessoa pode ter, ou até 10 para aqueles com permissões especiais, como agricultores. O estado possui mais de 1,1 milhão de armas em posse de civis, e em todo o país esse número ultrapassa quatro milhões, conforme relatório do Instituto Australiano divulgado em 2025.
A legislação também permitirá a proibição de protestos por até três meses após incidentes terroristas, como forma de evitar instabilidades.

