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quinta-feira, 28/08/2025

Arlindo Cruz: entenda como AVC e pneumonia se relacionam na morte do sambista

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Arlindo Cruz, um dos ícones do samba, faleceu na sexta-feira, 8 de agosto, aos 66 anos, no Rio de Janeiro. O cantor estava hospitalizado desde março após ser diagnosticado com pneumonia.

Desde 2017, Arlindo Cruz enfrentava as consequências de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico ocorrido enquanto tomava banho. O sangramento no cérebro causou danos permanentes, alterando totalmente sua vida.

O neurocirurgião Victor Hugo Espíndola, especialista em doenças cerebrovasculares, explica: “Mesmo após o controle do sangramento, muitas sequelas persistem, pois o tecido cerebral não se regenera completamente. A longo prazo, o paciente pode precisar de reabilitação contínua e apresentar limitações importantes em suas atividades diárias.”

Com sequelas severas, Arlindo tinha mobilidade limitada, dependia de traqueostomia e recebia alimentação por sonda via gastrostomia. Essa situação aumentava o risco de complicações respiratórias, como a pneumonia que resultou na sua internação em julho.

Durante o tratamento, seu quadro agravou-se devido a uma infecção causada por uma bactéria resistente, e o sambista deixou de responder a estímulos.

Por que a pneumonia foi tão grave para Arlindo Cruz?

De acordo com Paulo Abrão, presidente da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), pacientes que sofreram AVC, como Arlindo, geralmente apresentam alterações do sistema neurológico e respiratório que facilitam o aparecimento de infecções. Um problema frequente é a disfagia, que é a dificuldade para engolir.

“Isso eleva o risco de aspiração de saliva, alimentos e líquidos para os pulmões, facilitando o desenvolvimento da pneumonia”, esclarece.

Outros fatores também agravam o quadro: a imobilidade prolongada prejudica a ventilação pulmonar e o estado neurológico reduz a capacidade do organismo de enfrentar infecções.

Espíndola acrescenta: “Nessas condições, uma pneumonia pode evoluir rapidamente para insuficiência respiratória e sepse, tornando-se potencialmente fatal.”

Infecção por bactéria resistente e complicações

Durante a internação, Arlindo foi diagnosticado com uma infecção provocada por uma bactéria resistente, o que complicou ainda mais seu tratamento.

“Bactérias resistentes desenvolvem mecanismos para escapar dos antibióticos que eram eficazes anteriormente. Isso limita as opções de tratamento e eleva o risco de complicações, especialmente em pacientes debilitados”, destaca Espíndola.

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