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quarta-feira, 03/09/2025

Argentina intervém no câmbio para conter queda do peso após denúncias

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SÃO PAULO, SP E BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS)

O governo da Argentina anunciou que vai agir no mercado de câmbio para tentar frear a desvalorização do peso, que vem sofrendo depois de problemas políticos e econômicos enfrentados pelo presidente Javier Milei, às vésperas de uma importante eleição no domingo (7).

Essa decisão marca uma mudança na política do governo, que até então deixava a moeda variar livremente dentro de certos limites. O objetivo agora é tentar estabilizar o valor do peso argentino.

Nos últimos dias, o governo aumentou bastante os juros da dívida, endureceu regras para os bancos e limitou o uso de dólares no mercado local.

O secretário de Finanças, Pablo Quirno, informou nas redes sociais que o Tesouro vai participar do mercado de câmbio para melhorar sua liquidez e funcionamento normal.

Os títulos do governo despencaram no mercado, com papéis de 2035 registrando preços mais baixos desde abril, segundo dados da Bloomberg.

O valor do peso caiu 1,6%, recuperando parte das perdas maiores da semana anterior, enquanto as negociações retomaram força após um feriado nos EUA que reduziu a liquidez.

Como parte do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo se comprometeu a não comprar ou vender dólares fora de uma faixa pré-determinada, atualmente entre 951 e 1.471 pesos por dólar.

Especialistas afirmam que, na prática, o dólar nunca flutuou totalmente livre, pois o governo interveio várias vezes para evitar que o dólar ultrapassasse cerca de 1.300 pesos.

Essas medidas, junto com declarações de Milei sobre a cotação do dólar, geraram desconfiança no mercado, principalmente porque o presidente havia afirmado que o dólar estaria em torno de 600 pesos, o que não ocorreu.

Além dos problemas econômicos, o governo ainda enfrenta denúncias de corrupção às vésperas das eleições na província de Buenos Aires, que acontecem no domingo.

Áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-diretor da Agência Nacional para Pessoas com Deficiência, indicam que a irmã do presidente, Karina Milei, teria se beneficiado de um esquema de propinas junto com seu assessor Eduardo Lule Menem.

Nesses áudios, Karina seria responsável por cobrar 3% da propina paga pela Drogaria Suizo Argentina, empresa que distribui medicamentos. Spagnuolo, que foi advogado pessoal do presidente e próximo a ele, foi demitido da agência.

Na segunda-feira, um juiz federal proibiu a divulgação das gravações feitas dentro da Casa Rosada, sede do governo.

Especialistas avaliam que essas denúncias abalam a confiança dos investidores, que veem as eleições como um julgamento do desempenho do presidente neste início de mandato, conforme relatou Walter Stoeppelwerth, diretor de investimentos da Grit Capital Group.

Outro revés para o governo foi a eleição na província de Corrientes, em que o candidato apoiado por Milei ficou em quarto lugar, indicando que a estratégia de disputar eleições locais sem alianças pode não ser eficaz.

Agora, a atenção está voltada para as eleições de domingo em Buenos Aires, que reúne quase 40% da população e tem historicamente apoiado o movimento peronista opositor. O resultado será um indicador importante para as eleições nacionais de outubro, quando será renovada parte significativa do Congresso.

Analistas do Morgan Stanley veem as eleições como um desafio temporário para a economia e as reformas, mas reconhecem que ainda há oportunidades de investimentos, já que o mercado ainda não precificou completamente as mudanças esperadas.

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