Na quinta-feira (13), celebrou-se o Dia da Saúde na COP30, em Belém, Pará. O evento focou na saúde e no clima, destacando o Plano de Ação em Saúde em Belém. Essa iniciativa é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma estratégia importante para fortalecer sistemas de saúde diante das mudanças no clima.
A crise climática tem causado um aumento nas doenças respiratórias devido às queimadas, ao ar seco e à poluição. Um estudo realizado pela Fiocruz em conjunto com o WWF-Brasil mostrou que as queimadas elevaram o número de internações por problemas respiratórios, especialmente entre crianças, que tiveram o número de internações praticamente duplicado nas áreas mais afetadas pelo fogo.
Outro estudo publicado na revista Nature Communications, feito por pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), indica que a exposição à fumaça das queimadas pode aumentar em até 23% a chance de uma pessoa desenvolver doenças respiratórias. Além disso, foi observada uma ligação com mais internações relacionadas a problemas do sistema circulatório.
Paulo Saldiva, patologista e professor da Universidade de São Paulo (USP), explica que a má qualidade do ar pode causar desde desconfortos leves até hospitalizações e até elevar a mortalidade. Ele destaca que as regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil enfrentam problemas mais sérios devido às queimadas constantes.
Apesar do governo ter registrado o menor número de queimadas em agosto de 2025, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que os focos de incêndio continuam principalmente no Cerrado, mantendo a sazonalidade do problema com o fogo surgindo especialmente na época de seca intensa.
Hélio Magarinos Torres Filho, patologista clínico e diretor do Richet Medicina e Diagnóstico, afirma que o sistema de saúde percebe quando o clima piora, com aumento de casos graves de problemas respiratórios no outono e inverno, épocas em que a qualidade do ar costuma diminuir. A combinação do ar seco e frio com a fumaça das queimadas agrava a situação, tornando o organismo mais vulnerável a vírus e doenças prolongadas e mais graves.
As crianças e os idosos são os grupos mais afetados por essas condições, sofrendo mais com as consequências das mudanças climáticas na saúde. Em 2019, por exemplo, foram estimadas mais de duas mil internações causadas pela fumaça do desmatamento, sendo 70% dessa taxa composta por bebês e idosos.
Como se proteger?
Para minimizar os efeitos do ar seco, da poluição e da fumaça das queimadas, algumas medidas simples são recomendadas:
- Manter janelas fechadas durante períodos de fumaça intensa e ventilar a casa pela manhã cedo ou à noite, quando a concentração de poluentes é menor.
- Manter o ambiente limpo e úmido para evitar ressecamento e acumulo de fuligem.
- Evitar o uso excessivo de ar-condicionado, pois ele resseca ainda mais o ar.
- Manter uma boa hidratação, especialmente durante atividades físicas, bebendo pelo menos 35 ml de água por quilo de peso corporal por dia.
Essas atitudes ajudam a proteger a saúde respiratória diante das condições climáticas adversas.
*Informações baseadas em estudos e análises científicas.
