Uma reunião entre representantes dos estudantes que ocupam o plenário da Câmara Municipal de São Paulo na tarde de hoje (9), o presidente da Casa, vereador Milton Leite (DEM), e alguns vereadores, incluindo Eduardo Suplicy (PT), Sâmia Bomfim (PSOL) e Arselino Tatto (PT), ocorreu por volta das 17h para tentar encontrar um acordo para pôr fim ao protesto.
Os manifestantes pedem o fim das restrições no passe livre estudantil e protestam contra os projetos de lei (PL) 364 (venda do estádio do Pacaembu), 367 (pacote de concessões à iniciativa privada) e 404 (venda de imóveis iguais ou inferior a 10 mil metros quadrados) e pedem a realização de um plebiscito para que a sociedade possa decidir sobre as privatizações. O presidente da Câmara não atendeu ao pedido dos estudantes de retirada dos três projetos de lei e disse que isso não é possível ser feito devido ao regimento da Casa.
Sobre o plebiscito, o presidente disse que levará a proposta à reunião com líderes dos partidos, argumentando que essa é a ação interna de praxe. Em relação às privatizações, foi admitida a realização de uma audiência pública para discutir um substitutivo ao Projeto de Lei 367. Por volta das 19h, os manifestantes decidiram manter a ocupação.
Ocupação
Cerca de 60 estudantes secundaristas e universitários permanecem no plenário da Câmara. “A ocupação está acontecendo porque a prefeitura de São Paulo, a mando de João Doria, está estabelecendo uma série de medidas autoritárias para promover a privatização, que para a gente significa a venda da cidade para a iniciativa privada e para grandes empresas. O maior problema disso é que está sendo imposto de maneira autoritária e sem nenhum diálogo com a população”, disse a estudante de direito da Universidade de São Paulo (USP) e diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bianca Borges.
Bianca defende a realização de um plebiscito para que a população possa opinar sobre o assunto. “O Doria investiu R$ 100 milhões em publicidade para este ano na gestão dele e, ao mesmo tempo, ele restringiu o passe livre em julho para economizar R$ 70 milhões”.
Por volta das 19h, os manifestantes fizeram um jogral em que disseram: “O presidente da casa, Milton Leite, está nos impondo greve de fome e sede, proibindo a entrada de água e comida. Estamos com fome, estamos com sede. Apesar disso, continuaremos resistindo”. Eles pediram que outras pessoas se somem à manifestação e façam uma vigília na porta da Câmara.
Segundo os manifestantes, eles estão nas ruas há algum tempo e procuraram diálogo com a Câmara, mas nenhuma reivindicação foi atendida.
Entrada controlada
O presidente da Câmara proibiu a entrada de mais manifestantes no plenário, entrada de comida e o acesso dos estudantes a banheiros. A Guarda Civil Metropolitana (GCM), que faz a segurança do local, só está liberando a entrada de vereadores, mas sem carregar alimentos. Os estudantes podem apenas sair do plenáio, mas não é permitido que retornem mais para o local.
A Inspetoria de Operações Especiais (Iope) da GCM, conhecida como a “tropa de choque” da guarda, está no plenário. De acordo com a assessoria de imprensa da Câmara, nenhuma medida de enfrentamento foi tomada e a Iope faz a segurança do local. O presidente da Câmara protocolou pedido de reintegração de posse do plenário e aguarda decisão da Justiça.A sessão ordinária da casa ocorreu no Salão Nobre e já foi encerrada.
Segundo a assessoria de imprensa da Câmara, os projetos de lei 364 e 367 foram aprovados em primeiro turno no dia 3 de julho. A audiência pública da venda do estádio do Pacaembu ocorreu nesta quarta-feira e as pessoas interessadas em fazer críticas e sugestões a esse projeto participaram da sessão, sejam associações, população e os próprios vereadores. Segundo a assessoria, tudo o que foi sugerido na audiência é anotado, será discutido e pode ser acatado, ou não, como texto substitutivo do projeto. A audiência já foi encerrada.
Às 20h, foi liberada a entrada de água e o acesso aos banheiros do plenário da Câmara.