A mega explosão matou cerca de 190 pessoas e deixou 6,5 mil feridos. O governo estima que os prejuízos cheguem a US$ 15 bilhões.
O exército libanês informou na quinta-feira, 3, que encontrou outras 4,35 toneladas de nitrato de amônio perto da entrada 9 do porto de Beirute, local de uma grande explosão causada pelo mesmo produto há exatamente um mês. A tragédia matou cerca de 190 pessoas e deixou 6,5 mil feridos. O governo estima que os prejuízos cheguem a US$ 15 bilhões.
A explosão de 4 de agosto foi sentida em cidades vizinhas e até no Chipre, ilha que fica a mais de 250 quilômetros de distância do Líbano. As autoridades disseram que o acidente foi causado por cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenadas de forma irregular por anos no porto da capital.
Na quinta-feira, o presidente libanês, Michel Aoun, ordenou que fossem feitos reparos na velha infraestrutura de reabastecimento do aeroporto de Beirute e pediu uma investigação após um relatório indicar que milhares de litros de combustível vazaram do sistema. A notícia aumentou o temor de que o país possa enfrentar outra tragédia. “Nenhuma explosão nos espera”, disse o responsável pelo aeroporto, Fadi el-Hassan, em uma tentativa de acalmar a população.
O Exército não esclareceu a origem das 4,35 toneladas de nitrato de amônio, nem como elas foram parar no porto, mas disse que o material foi levado para um local seguro.
As 2.750 toneladas que explodiram há um mês tinham sido apreendidas em 2013 de um navio russo com bandeira da Moldávia, que havia feito uma parada de emergência por problemas técnicos. A carga havia sido armazenada em um galpão do porto da capital do Líbano.
Apesar de o diretor-geral da alfândega, Badri Daher, e do gerente do porto, Hassan Koraytem, alertarem repetidamente sobre o perigo de se manter o nitrato de amônio sem as medidas de segurança exigidas, os alertas foram ignorados.
Na terça-feira, as autoridades judiciais libanesas emitiram ordens de prisão para mais quatro suspeitos acusados pela explosão. Já haviam sido emitidos mandados para 21 suspeitos. Segundo uma fonte, os quatro novos suspeitos seriam o chefe dos serviços de inteligência militar do porto, um oficial de segurança do Estado e dois membros da segurança geral.
As circunstâncias exatas da explosão ainda não são conhecidas, mas as suspeitas recaem sobre determinados trabalhos de soldagem realizados no armazém, que teriam desencadeado um incêndio que, por sua vez, provocou a explosão.
Reforma
Os Estados Unidos pediram que os líderes libaneses promovam reformas profundas nos sistema político após a explosão, garantindo que sua mensagem seja consistente com a do presidente francês, Emmanuel Macron, que visitou o país nesta semana.
“Este governo precisa realizar reformas, os libaneses exigem uma mudança real e os EUA usarão seu peso diplomático e recursos para garanti-la”, disse o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo. “A situação não pode mais continuar como antes, é simplesmente inaceitável. Acho que o presidente Macron disse o mesmo.”
Pressão externa
Desde a explosão no porto de Beirute, o presidente francês tem pressionado as autoridades libanesas para reformar o país. Durante sua segunda visita ao Líbano em um mês, Macron conseguiu na terça-feira, que os líderes políticos se comprometessem a formar um novo governo em 15 dias para realizar as mudanças exigidas pela população.
Macron deu ao Líbano até o final de outubro para começar a realizar as reformas, ou então a ajuda financeira enviada ao país será retida. Ele também alertou que sanções serão impostas se ficar comprovado algum caso de corrupção.
Ontem, Pompeo questionou a participação no governo libanês do movimento xiita Hezbollah, aliado do Irã e considerado uma organização terrorista por Washington. “Conhecemos a história do Líbano: todos entregam suas armas, exceto o Hezbollah. É o desafio atual”, afirmou Pompeo.
O novo primeiro-ministro libanês, Mustapha Adib, ex-embaixador na Alemanha, nomeado na segunda-feira, vem mantendo consultas parlamentares para formar um novo governo o mais rápido possível.
Normalmente, o processo de formação pode demorar meses, em razão de artimanhas políticas. No entanto, a pressão internacional, especialmente da França, e também dos libaneses, amplificada pela explosão, tornou mais urgentes as mudanças para tirar o país da pior crise econômica em décadas.
Na quarta-feira, o papa Francisco disse que o Líbano enfrenta um “perigo extremo” e não pode ser “deixado por conta própria”. Em uma longa mensagem dedicada aos libaneses, o papa pediu aos crentes do mundo “um dia universal de jejum e oração pelo Líbano hoje, quando se completa um mês da terrível explosão no porto de Beirute”. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.