No segundo dia de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), grupos de manifestantes voltaram a se reunir diante da Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília (DF).
Desde cedo, aproximadamente 15 pessoas se reúnem em frente ao edifício com cartazes e orações. Um sósia do ex-presidente também participou da mobilização.
Entre os cartazes, um pedia: “Fora Lula e Moraes. Buzine”. Vídeos mostram motoristas respondendo ao chamado buzinando.
Essa manifestação se soma aos eventos do dia anterior. Próximo à sede da PF, estavam tanto apoiadores quanto opositores de Bolsonaro. Celebraram a prisão estourando garrafas de champanhe. Houve uma pequena confusão que foi rapidamente controlada sem intervenção policial.
À noite, a tensão cresceu na portaria do condomínio onde Bolsonaro reside, no Jardim Botânico, em Brasília. Um opositor invadiu a vigília organizada por seus apoiadores e foi agredido.
Ismael Lopes, que diz ser um dos líderes da Frente Nacional dos Evangélicos, criticou a atuação de Bolsonaro durante a pandemia e direcionou seus comentários ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ele afirmou que o país precisa de justiça e declarou que o ex-presidente “apertou 700 mil covas” durante a crise sanitária.
A fala de Ismael gerou revolta imediata. O ex-desembargador e advogado Sebastião Coelho tomou o microfone dele, que foi removido do local em meio a gritos, chutes e tapas.
Apoiadores insultaram Ismael com palavras ofensivas. A Polícia Militar teve que usar gás de pimenta para dispersar o tumulto. Após o incidente, Ismael tentou falar com a imprensa, mas disse que não conseguia abrir os olhos.
Os protestos ocorrem em meio às consequências da prisão preventiva de Bolsonaro, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-presidente foi detido após a Polícia Federal identificar risco de fuga, uma preocupação aumentada pela vigília convocada por Flávio Bolsonaro na entrada do condomínio. A Procuradoria-Geral da República apoiou esse pedido.
O ministro Moraes também destacou que Bolsonaro tentou danificar a tornozeleira eletrônica que usava desde julho. No início da tarde de sábado, o ministro tornou público o vídeo em que o ex-presidente admite ter queimado o aparelho com ferro de solda, alegando curiosidade.
De acordo com documento da diretora-adjunta Rita de Cássia, o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica detectou a violação do dispositivo às 0h07.
A equipe de escolta, posicionada na porta da residência, solicitou que Bolsonaro apresentasse o equipamento, momento em que ele confirmou o dano.
