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domingo, 16/11/2025




Aplicativos ajudam a diminuir o desemprego

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MAELI PRADO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O rápido crescimento do trabalho por meio de aplicativos está diminuindo o desemprego e aumentando a renda no Brasil.

Sem estas plataformas digitais, o desemprego seria cerca de 1 ponto percentual maior, um impacto significativo no mercado de trabalho, que hoje registra a menor taxa de desocupação da história, 5,6% no trimestre até setembro.

Segundo um estudo do pesquisador Daniel Duque, da FGV/Ibre, que analisou dados da Pnad Contínua do IBGE, o grupo mais propenso a trabalhar com aplicativos cresceu 3 pontos percentuais a mais que a média da população na última década.

Este grupo é formado principalmente por homens brancos, moradores de capitais e com idade entre 25 e 29 anos.

A taxa de pessoas ocupadas em relação à população em idade de trabalhar estava em 58,7% no último trimestre, conforme o IBGE.

Daniel Duque comenta que esses dados explicam a baixa taxa de desemprego atual e mostra que os aplicativos transformaram o mercado de trabalho de forma permanente, embora o crescimento possa desacelerar.

Renda

O estudo também mostra que quem trabalha com aplicativos ganha, em média, R$ 300 a mais por mês que quem não trabalha por essas plataformas.

Mesmo considerando a informalidade do trabalho, esse aumento de renda se mantém estável de 2015 a 2024.

Daniel Duque explica que os trabalhadores têm flexibilidade para ajustar seu horário conforme a necessidade de ganhar mais, o que beneficia todo o mercado.

O número de pessoas trabalhando em plataformas digitais no Brasil cresceu de 770 mil em 2015 para 2,1 milhões no segundo trimestre deste ano, um aumento de 170%, segundo o Banco Central.

Entre os exemplos estão entregadores como Eric Peres Macedo, de 26 anos, que fatura até R$ 8.000 por mês trabalhando de bicicleta por 10 a 12 horas diárias, com apenas três folgas mensais.

Eric Macedo destaca que não é necessário diploma ou vestimenta formal para trabalhar nos aplicativos, e que sua renda é maior do que em empregos formais.

Seu colega João Iramar dos Santos, de 25 anos, que faz entregas de moto, relata que muitos deixam o emprego formal para trabalhar nas plataformas digitais, valorizando a liberdade e flexibilidade.

Atualmente, trabalhadores em aplicativos correspondem a cerca de 1,8% do total dos ocupados no Brasil, chegando a quase 4% em algumas capitais, como Manaus.

Em grupos específicos como homens entre 25 e 29 anos, a participação é ainda maior, como 9,7% no Rio de Janeiro e 6,7% em São Paulo.

Apesar de muitos serem entregadores, a maioria dos trabalhadores em plataformas digitais são motoristas, como Eduardo Nobuyoshi Outomo, de 56 anos, que começou a trabalhar em aplicativos durante a pandemia e destaca a flexibilidade do horário.

Eduardo Outomo menciona que sua rotina flexível permite cuidar da família e trabalhar quando prefere, além de notar que os idosos usam mais os aplicativos, criando demanda que antes não existia.

Daniel Duque acrescenta que os aplicativos criaram nova demanda no mercado, facilitando o acesso a serviços como táxis e entregas, antes caros e limitados.

Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil; nos Estados Unidos, por exemplo, os aplicativos reduziram a necessidade de possuir carro próprio, evidenciando sua influência econômica estrutural.

Por outro lado, há desafios como a falta de proteção social: apenas 22,3% dos trabalhadores em plataformas contribuem com o INSS, segundo o IBGE.

João Iramar dos Santos alerta que esses trabalhadores ficam desprotegidos em caso de acidentes, sem seguro ou benefícios trabalhistas, o que exige melhorias nas leis.

Daniel Duque ressalta a importância de políticas públicas para apoiar esses trabalhadores, afirmando que combater os aplicativos não resolveria o problema.




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