Contribuintes e funcionários denunciam problemas na rede municipal de Saúde
Em abril de 2018, o ajudante de caminhão Rubem Ribeiro da Silva, de 65 anos, foi diagnosticado com diverticulite, doença inflamatória no trato intestinal. Ele buscou atendimento na UPA do Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio, e foi encaminhado para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, bairro vizinho, para passar por uma cirurgia de emergência e colocar uma bolsa de colostomia. Após quatro meses, a recomendação era fazer um novo procedimento para tirá-la, mas Rubem até hoje não conseguiu.
Ele é apenas um dos muitos pacientes que sofrem com as irregularidades na rede municipal de Saúde do Rio. E são denúncias como essa que os chamados “Guardiões do Crivella” querem esconder. Como mostrou o “RJTV 2” de segunda-feira, o grupo tenta dificultar o trabalho da imprensa e calar os pacientes desde 2018 para acobertar queixas como a de Rubem.
— Eu não sei mais o que fazer. Já vim aqui (no Salgado Filho) para fazer a cirurgia várias vezes e sempre há uma desculpa ou um problema — lamenta o morador de Manguinhos, também na Zona Norte, que já se aposentou: — A minha vida acabou. Eu sou um homem inútil. Não posso pegar dez quilos de arroz. Eu vou morrer com isso aqui? Só queria que eles resolvessem minha situação.
Ainda em 2018, quando voltou à unidade para fazer a retirada da bolsa, Rubem foi informado que, de acordo com o sistema, ele já havia feito o procedimento. O paciente, então, foi embora e voltou meses depois, quando descobriu que seu nome nem constava mais no livro de registros de operações. Ontem, Rubem mais uma vez voltou ao Salgado Filho, mas foi informado que só em outubro poderá passar por uma avaliação para definir uma possível data para a retirada da bolsa.
— Eles estão sempre aqui há dois anos. Na tentativa de acobertar as irregularidades, eles (a prefeitura) contrataram esses “seguranças”. São arbitrários e intimidam todo mundo. É uma prática em vários hospitais: zonas Oeste, Norte e Sul.
Na terça-feira pela manhã, dia seguinte à denúncia do “RJTV 2”, viaturas da Operação Segurança Presente ficou em frente ao Salgado Filho.