ALEXA SALOMÃO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) organizou uma reunião para sexta-feira (19) para discutir o perigo de apagões causados pelo aumento rápido da energia solar produzida em pequenas instalações.
Essa forma de energia, chamada de geração distribuída (GD), foi criada para residências e pequenos negócios, mas cresceu muito em fazendas e conjuntos residenciais, quase toda gerada por painéis solares.
Atualmente, existem mais de 43 gigawatts dessa energia em uso, 95% dela solar, que não é prevista no planejamento do setor e não pode ser controlada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), responsável por manter o equilíbrio da rede elétrica.
O ONS tem relatado dificuldades constantes para manter o fornecimento estável e seguro. Em momentos como o almoço do Dia dos Pais, cerca de 40% da energia do país veio de painéis solares, o que quase causou um apagão e levou a medidas emergenciais.
A Aneel ressalta a necessidade de encontrar soluções para garantir a segurança do sistema energético.
Recentemente, oito entidades do setor enviaram uma carta ao Congresso Nacional destacando os riscos dos atuais subsídios para a geração distribuída.
Embora exista uma lei de 2022 que reduz gradualmente esses benefícios, há pressão para mantê-los, e as entidades querem chamar a atenção dos parlamentares para os impactos negativos da política atual.
De janeiro a julho deste ano, foram concedidos quase R$ 10 bilhões em subsídios, sendo que R$ 4,6 bilhões foram pagos pelos consumidores que não podem escolher livremente seu fornecedor de energia.
Segundo as entidades, a geração distribuída tem causado alta variação nos preços da energia e os investidores não assumem os custos que esse modelo impõe ao sistema.
Além disso, essa forma de geração favorece consumidores ricos que podem investir em painéis solares e penaliza os consumidores mais pobres, que acabam pagando a conta.
A carta também alerta para o perigo de colapso no setor elétrico por causa dos subsídios que geram lucros elevados para alguns investidores, mas provocam distorções econômicas negativas.
As entidades destacam o problema da produção excessiva de energia solar em determinados horários, o que provoca a necessidade de desligar abruptamente outras fontes de energia para evitar sobrecarga e apagões.
Esse processo, conhecido como “curtailment”, causa prejuízos financeiros e variações bruscas nos preços durante os horários de pico.
O desequilíbrio no setor aumenta as tarifas e força o uso de usinas termelétricas em horários sem sol, elevando os custos e as emissões de gases poluentes.
Entre os signatários da carta estão associações representando energia eólica, investidores, distribuidoras, produtores independentes e consumidores, todos preocupados com o futuro do sistema elétrico.