O uso excessivo de anabolizantes tem se tornado um fator silencioso que eleva os riscos de problemas do coração, especialmente entre os jovens. Esses compostos, similares à testosterona, são usados para aumentar a massa muscular e melhorar o desempenho físico, além de motivos estéticos.
Este tema foi destacado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o Dia Mundial de Combate ao Colesterol, no dia 8 de agosto.
Por que controlar o colesterol é importante?
O colesterol é uma gordura essencial produzida principalmente pelo fígado e também obtida pela alimentação. Ele é vital para várias funções corporais, como a formação das células, a produção de hormônios e vitaminas e a digestão.
Quando em níveis elevados, especialmente o LDL (chamado de colesterol ruim), aumenta o risco de problemas cardíacos, como infarto.
Manter o colesterol sob controle pode incluir mudanças na alimentação, prática regular de exercícios e, às vezes, uso de medicamentos
Segundo o endocrinologista Márcio Weissheimer Lauria, coordenador do Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da SBEM, a testosterona e suas variações diminuem o HDL, conhecido como colesterol bom, e aumentam o LDL, o colesterol ruim.
Além disso, estes compostos favorecem a resistência à insulina, o acúmulo de gordura na região abdominal e outros fatores relacionados à síndrome metabólica, que aumenta significativamente o risco de ataque cardíaco e AVC.
Estudos indicam efeitos prolongados
Uma pesquisa publicada na revista Sports Medicine Open analisou 92 praticantes de musculação e constatou que muitos usavam uma combinação de esteroides, insulina e hormônio do crescimento, quase sempre sem orientação médica.
Entre esses usuários, observou-se uma alteração significativa no perfil do colesterol e do fígado, com queda do HDL, aumento das enzimas ALT e AST e mudanças em enzimas ligadas ao metabolismo das gorduras.
Márcio Weissheimer destaca que esses resultados indicam impactos relevantes na saúde metabólica, elevando o risco cardiovascular mesmo em jovens aparentemente saudáveis.
Outra análise publicada na revista Reviews in Endocrine and Metabolic Disorders reforça que o uso prolongado de anabolizantes está relacionado à redução constante do HDL, aumento do LDL, resistência à insulina e acumulando gordura visceral. Mesmo após parar, o organismo pode manter alterações hormonais e inflamatórias que prolongam os riscos.
De acordo com Weissheimer, 6,4% dos homens no mundo já usaram anabolizantes, número maior entre frequentadores de academias. Em muitos casos, o consumo combina esteroides, insulina e hormônio do crescimento, amplificando os danos.
Há casos de ataques cardíacos precoces em pessoas com menos de 40 anos, sem histórico familiar, mas que usavam essas substâncias.
Com a campanha, a SBEM reforça que a busca pela aparência não deve prejudicar a saúde. É essencial obter informação confiável e acompanhamento médico antes de qualquer intervenção que afete o metabolismo.