No Dia Mundial de Combate ao Colesterol, celebrado nesta sexta-feira (8), a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) chama atenção para o uso indiscriminado de anabolizantes, um fator silencioso que pode aumentar o risco de problemas no coração, especialmente entre os jovens.
Os anabolizantes são substâncias químicas parecidas com a testosterona, o hormônio masculino, usadas para aumentar os músculos e melhorar o desempenho em esportes ou pela aparência.
Essas substâncias diminuem o colesterol bom (HDL) e aumentam o colesterol ruim (LDL). Elas também causam resistência à insulina, acúmulo de gordura na barriga e outros sinais da síndrome metabólica, que eleva bastante o risco de doenças do coração.
Um estudo recente publicado na revista Sports Medicine Open analisou 92 pessoas que malham e encontraram muitos que usam anabolizantes junto com insulina e hormônio do crescimento. Os resultados mostraram queda no colesterol bom, aumento das enzimas do fígado que indicam problemas e mudanças no jeito que o corpo usa gordura.
Essas descobertas indicam que o uso dessas substâncias prejudica a saúde do metabolismo e aumenta o perigo para o coração, mesmo em jovens e pessoas que parecem saudáveis.
Outro estudo da revista Reviews in Endocrine and Metabolic Disorders confirmou que o uso prolongado de anabolizantes reduz o colesterol bom, aumenta o ruim, causa resistência à insulina e mais gordura na barriga, tudo isso junto forma a síndrome metabólica, relacionada a infartos e AVC.
Mesmo quando a pessoa para de usar, os riscos podem continuar por causa de mudanças hormonais e inflamatórias no corpo, como ressaltou a SBEM.
Números
Segundo a SBEM, cerca de 6,4% dos homens já usaram anabolizantes, e essa taxa é possivelmente maior entre quem frequenta academias.
Muitas vezes o uso não envolve só anabolizantes, mas também insulina e hormônio do crescimento, o que piora os efeitos ruins para a saúde.
Há casos de infarto precoce em pessoas com menos de 40 anos que não têm histórico familiar, mas que usam com frequência essas substâncias, alerta a SBEM.
Campanha
Em 2025, a campanha da SBEM para o Dia Mundial de Combate ao Colesterol destaca a importância de decisões conscientes sobre a saúde do coração, recomendando buscar informação correta e acompanhamento médico antes de qualquer uso que possa alterar o metabolismo.
Prescrição médica
Em 2023, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu a receita médica de esteroides anabolizantes para fins estéticos, para ganho muscular ou melhora do desempenho, tanto para atletas amadores quanto profissionais, por falta de comprovação científica de segurança e benefício.
A regra reforça que não existem estudos de boa qualidade que mostrem os riscos exatos do uso desses hormônios em doses acima do normal e que não há evidência científica de problema clínico em mulheres por baixa testosterona ou andrógenos.
Os efeitos ruins apontados incluem aumento do tamanho do coração, pressão alta, infarto, entupimento das artérias, maior tendência a formar coágulos, doenças no fígado, problemas mentais como depressão e dependência, além de problemas hormonais como infertilidade, disfunção erétil e menor desejo sexual. Informação da Agência Brasil.