MARIANNA HOLANDA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comparam a sua prisão à do ex-presidente Lula (PT) na Lava Jato, e esperam que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, deixe Bolsonaro na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Lula esteve preso na Superintendência da PF em Curitiba por 580 dias e foi solto em 2019. Os aliados de Bolsonaro acreditam que Moraes pode decidir por um tratamento semelhante para o ex-presidente, já que a opinião pública pode favorecer esse posicionamento caso Bolsonaro vá para um presídio.
Contudo, há preocupação com a possibilidade de Bolsonaro ser enviado para um presídio de segurança máxima, como a Papuda, devido a uma recente visita da chefe de gabinete de Moraes ao local. A decisão do magistrado, no entanto, é vista como incerta.
Defesa, parlamentares e apoiadores ressaltam o agravamento do estado de saúde de Bolsonaro para justificar a chance de prisão domiciliar. Na última sexta-feira, antes da prisão preventiva, os advogados alegaram risco à vida caso ele deixasse a casa.
Também consideram que o envio para um estabelecimento militar seria aceitável, mas esta opção é vista como improvável, razão pela qual torcem para que ele permaneça na Superintendência da PF.
Nessa unidade, chamada sala de Estado-Maior, Bolsonaro fica em uma cela individual com conforto, sem contato com outros detentos, contendo TV, ar-condicionado, banheiro privativo e escrivaninha.
A instalação é provisória e inicialmente não tinha atendimento médico, que foi posteriormente autorizado por Moraes. Médicos de Bolsonaro também manifestaram preocupação com a falta de espaço para exercícios físicos, o que pode motivar novas demandas da defesa.
A comida é preparada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e entregue por auxiliares, respeitando as normas da PF.
Moraes permitiu visitas sem necessidade de autorização prévia dos advogados e médicos. Bolsonaro recebeu visita de Michelle por meia hora no domingo (23) e estará com os filhos Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Jair Renan (PL) nesta terça-feira (25).
O cunhado de Bolsonaro e pré-candidato a deputado federal, Eduardo Torres, também entregou itens pessoais e medicamentos nesta segunda-feira, chegando ao prédio com uma bolsa térmica.
Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã de sábado (22) em Brasília, no desdobramento da investigação da trama golpista no STF. Em vídeo e relatório oficiais, ele admitiu tentativa de violar a tornozeleira eletrônica.
Desde 4 de agosto, o ex-presidente estava em prisão domiciliar. A prisão pela PF foi justificada para manter a ordem pública diante da tentativa de violar o monitoramento eletrônico e uma vigília marcada por Flávio Bolsonaro.
Integrantes do STF indicam que a decisão sobre prisão definitiva pode ocorrer já na terça-feira (25), caso Alexandre de Moraes entenda que novos recursos apresentados sejam apenas protelatórios e não mudem o resultado do julgamento.
Moraes pode negar esses recursos, iniciar o cumprimento da pena e encaminhar o processo para confirmação pela Primeira Turma do STF. A análise considera o histórico de decisões do ministro e os argumentos possíveis da defesa.
Segundo advogados consultados, Moraes tende a agir com rapidez, respeitando a jurisprudência consolidada do STF sobre recursos.
