JULIA CHAIB
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)
As forças de segurança nos Estados Unidos alteraram temporariamente sua prioridade de deter imigrantes irregulares para aumentar a vigilância e fortalecer a proteção em locais que podem ser alvos de retaliações após o ataque ao Irã.
Embora não exista uma ameaça específica confirmada, no domingo (22) — antes do ataque iraniano a uma base americana no Catar — o Departamento de Estado emitiu um aviso para que cidadãos americanos ao redor do mundo adotem o mais alto grau de precaução. “Há possibilidade de protestos contra cidadãos e interesses americanos no exterior”, diz o comunicado.
No território nacional, o Departamento de Segurança Interna (DHS) divulgou um memorando destacando um “ambiente de risco aumentado”. As autoridades estão preocupadas com a possibilidade de atos terroristas realizados por indivíduos ou grupos inativos no país.
O memorando menciona que, apesar de não existirem ameaças específicas ou confiáveis no momento, o risco de atentados terroristas, crimes motivados por ódio e ataques cibernéticos cresce continuamente. A análise é válida até, pelo menos, 22 de setembro de 2025. “Há uma maior possibilidade de que extremistas violentos atuem de forma independente, especialmente se a liderança iraniana emitir um decreto religioso convocando à violência contra alvos nos Estados Unidos”, aponta o documento.
O alerta também chama atenção para a intensificação das ações de hackers e agentes cibernéticos vinculados ao Irã, que frequentemente invadem redes e dispositivos com proteção insuficiente nos EUA. Especialistas indicam que a infraestrutura digital do país pode ser alvo de ataques disruptivos, especialmente em períodos de tensão política internacional.
Agentes federais consultados pela imprensa americana informaram que a conexão entre ameaças cibernéticas e físicas aumenta o potencial de que ambas sejam utilizadas como formas de retaliação por Teerã.
O boletim do DHS ainda destaca a elevação do risco de crimes motivados por intolerância religiosa e ideológica. Desde o início do conflito, grupos como Hamas, Hezbollah, houthis e a Frente Popular para a Libertação da Palestina têm feito chamados para ataques contra interesses dos Estados Unidos e de Israel no Oriente Médio.
Esse cenário pode levar extremistas dentro do território americano a agir por conta própria, segundo avaliação governamental. “Indivíduos impulsionados por ideologias extremistas ou antissemitas podem escolher como alvo pessoas ou locais identificados como judeus, pró-Israel ou ligados ao governo dos EUA”, alerta o documento.
O Departamento de Segurança Interna recomenda que a população esteja atenta a atitudes suspeitas e fortaleça as medidas de segurança digital. “Nosso compromisso é manter o país seguro e informado, especialmente em tempos de conflito.”
De acordo com investigação da rede NBC, o regime iraniano teria enviado uma mensagem a Donald Trump enquanto ele participava da cúpula do G7 no Canadá, ameaçando ativar células terroristas inativas dentro dos Estados Unidos caso o país atacasse o Irã. A informação teria chegado ao presidente por meio de um intermediário durante o evento. Trump deixou a cúpula antes do previsto devido à escalada do conflito entre Irã e Israel.
Agentes federais e forças de segurança em cidades estratégicas permanecem em estado de alerta máximo para possíveis ações coordenadas ou isoladas de apoiadores do regime iraniano. Um documento do CBP (órgão responsável pela proteção das fronteiras americanas) que circulou no sábado (21) — dia em que os EUA reivindicaram ataques ao Irã e se envolveram diretamente no conflito — orienta os funcionários a manterem vigilância redobrada.
“Embora até o momento não tenhamos recebido alertas específicos e confiáveis sobre ameaças, a possibilidade de células adormecidas ou simpatizantes agindo por conta própria ou sob ordens do Irã está no seu ponto mais alto”, declarou o comissário do CBP Rodney Scott no documento obtido pelo The Hill.