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segunda-feira, 11/08/2025

Alemanha enfrenta queda na popularidade de Merz após medidas tarifárias de Trump

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A Alemanha é a economia da União Europeia mais afetada pelo aumento tarifário de 15% que entrou em vigor em 7 de agosto nas exportações para os Estados Unidos. Os setores mais impactados são as indústrias automotiva, farmacêutica e de máquinas industriais.

Na marca de 100 dias no comando do governo, o chanceler alemão, Friedrich Merz, vê sua aprovação despencar, pois não tem conseguido proteger efetivamente os interesses do país, conforme mostram pesquisas de opinião.

Sendo o terceiro maior exportador mundial, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, a Alemanha é de longe o principal país europeu que exporta para os EUA.

Economistas projetam uma redução do PIB em torno de 0,2% devido a esse tarifário, o que pode prejudicar severamente a economia alemã, que já enfrentou dois anos consecutivos de recessão — com contrações de 0,3% em 2023 e 0,2% em 2024.

Embora tenha iniciado o primeiro trimestre com um crescimento de 0,4% do PIB, o segundo trimestre teve retração de 0,1%, e especialistas sinalizam a possibilidade de um terceiro ano seguido de recessão.

Efeitos já perceptíveis

Uma pesquisa da Câmara Alemã de Indústria e Comércio revela que 75% das empresas alemãs já sentem os impactos do conflito comercial com os EUA. Entre aquelas com laços estreitos com os americanos, esse impacto alcança 90%.

Para 80% das empresas afetadas, o maior problema é a incerteza gerada, especialmente o receio de que Washington imponha novas tarifas futuramente.

Além disso, 72% acreditam que a tarifa inicial de 10% imposta pelos EUA — que será 15% com o acordo entre a Comissão Europeia e Washington — representa um peso considerável para suas operações. Enquanto isso, 58% preveem efeitos negativos desse acordo tarifário, e apenas 5% veem algum benefício.

Impacto nos setores automotivo e farmacêutico

Os principais setores afetados pelas tarifas de Trump são o automotivo e o farmacêutico. A indústria automotiva tem forte presença no mercado americano, sendo responsável por cerca de 5% do PIB alemão e empregando aproximadamente 780 mil pessoas diretamente. Segundo a Associação Alemã da Indústria Automotiva (VDA), a tarifa de 15% ocasionará perdas bilionárias anuais para as empresas do setor.

Esse segmento já enfrenta desafios, como a redução da demanda na China. Em 2023, a indústria automotiva perdeu cerca de 19 mil empregos e novas demissões foram previstas.

No setor farmacêutico, a Associação Alemã de Empresas Farmacêuticas de Pesquisa (VFA) considerou o acordo entre Donald Trump e Ursula von der Leyen um retrocesso para a saúde global e para a Europa enquanto polo de inovação.

Produtos farmacêuticos estavam livres de tarifas durante 30 anos, e o fim dessa isenção pode prejudicar um setor que representa quase 1% do PIB alemão, com cerca de 133 mil empregos diretos atrelados.

Um estudo da consultoria Deloitte indica que as exportações de máquinas para os EUA também terão perdas significativas, calculadas em 7,2 bilhões de euros a médio prazo, além dos 5,1 bilhões previstos para o setor farmacêutico.

Incerteza econômica afeta os alemães

O clima de insegurança tem influenciado negativamente a população. Em recente pesquisa, somente 35% dos entrevistados acreditam que o chanceler Friedrich Merz está promovendo com êxito os interesses alemães em âmbito internacional e dentro da União Europeia.

As preocupações com a situação econômica permanecem elevadas, com 65% demonstrando receio de que as tarifas americanas prejudiquem a economia do país.

Friedrich Merz enfrenta um duro cenário político ao completar 100 dias no governo, com índice de aprovação em declínio: apenas 30% dos entrevistados demonstram satisfação com sua administração, uma queda de dez pontos em relação ao mês anterior, enquanto cerca de 70% expressam insatisfação.

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