Para muitas pessoas, tomar um vinho à noite ou uma cerveja durante um jogo é normal — mas o que acontece quando se bebe demais?
Beber três ou mais doses diárias com frequência está ligado a derrames cerebrais mais sérios e danos cerebrais que aparecem mais cedo, segundo um estudo recente publicado na revista Neurology.
Mitchell Elkind, especialista em saúde cerebral da American Heart Association, explica que um tipo de derrame chamado hemorragia cerebral ocorre quando um vaso no cérebro se rompe, derramando sangue e afetando o tecido ao redor. Esse tipo representa cerca de 15 a 20% dos derrames.
O outro tipo, que é mais comum (cerca de 80%), acontece quando um coágulo bloqueia o fluxo de sangue para o cérebro, causando a morte das células por falta de oxigênio.
Os derrames com sangramento são geralmente mais graves e causam mais danos.
Nos Estados Unidos, 17% dos adultos bebem demais e 6% têm consumo pesado, o que prejudica a saúde física e mental. Em 2024, quase 30 milhões de americanos apresentavam problemas relacionados ao álcool.
M. Edip Gurol, principal autor do estudo, ressaltou que pessoas que bebem três doses ou mais por dia têm derrames hemorrágicos em média 11 anos mais cedo do que quem bebe menos.
Quem está em risco?
Nos EUA, cerca de 795 mil pessoas têm derrame por ano, e 10% são do tipo hemorrágico.
Elkind afirma que qualquer pessoa pode sofrer esse tipo de derrame, até crianças, mas o risco aumenta com a idade, especialmente depois dos 55 anos.
A principal causa é a pressão alta, que também cresce com a idade. O aumento de obesidade, diabetes e pressão alta em jovens tem feito surgir mais casos nessa faixa etária.
Metade dos adultos americanos tem pressão alta, que pode causar dores de cabeça, falta de ar e sangramento no nariz.
O uso de drogas ilícitas, como cocaína, metanfetamina e heroína, também pode causar derrames. O álcool e os estimulantes aumentam a pressão arterial, elevando o risco de sangramentos cerebrais.
A pressão alta também pode causar problemas nos rins, coração e artérias.
Gurol recomenda que quem já teve sangramento cerebral ou tem sinais de risco no exame de ressonância suspenda ou reduza muito o consumo de álcool, não ultrapassando uma dose por vez e não mais que seis vezes ao ano.
Como diminuir o risco
Elkind indica controlar a pressão arterial para prevenir derrames, através de consultas médicas, mudanças no estilo de vida e uso de medicamentos quando necessário.
Exercícios aeróbicos, como caminhar, ajudam a baixar a pressão, especialmente com uma postura correta e respiração adequada.
Reduzir o sal e seguir uma dieta mediterrânea fazem bem ao coração e ajudam a manter a pressão equilibrada.
O estudo analisou 1.600 adultos com média de 75 anos hospitalizados por derrames hemorrágicos, principalmente da etnia branca, no Hospital Geral de Massachusetts.
Os dados podem ter alguma variação, já que as informações sobre consumo de álcool foram coletadas após a ocorrência dos derrames, o que pode influenciar as respostas.
