O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MIDC), Geraldo Alckmin, declarou que o governo brasileiro não solicitará um prazo adicional aos Estados Unidos e trabalha para resolver a situação até 1° de agosto. Essa decisão foi comunicada após um encontro feito na tarde de terça-feira (15/7) com representantes do agronegócio. A reunião teve como pauta as recentes tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros.
O governo pretende solucionar a questão até o fim de julho, sem pedir prorrogação, enfatizando o compromisso de todos os envolvidos em avançar nas negociações. Inicialmente, Alckmin tinha considerado pedir mais tempo, mas, após ouvir as demandas do setor, ajustou seu posicionamento.
Representantes do agronegócio ressaltaram que diversas safras estão prontas para a colheita ou começarão no início de agosto, tornando inviável qualquer extensão do prazo. Por isso, a solução precisa ser encontrada antes do início do próximo mês.
“Temos uma safra completa para colher, mas o futuro do mercado americano está incerto devido às tarifas, o que inviabiliza a negociação. É fundamental manter diálogo, negociação e agir com pragmatismo,” afirmou Ibiapaba Netto, da CitrusBR.
Alckmin reiterou que as tarifas impostas são equivocadas e destacou o esforço do governo para reversão dessas medidas, chamando a decisão de Trump de “perda para ambos os lados”, podendo afetar negativamente as economias dos dois países.
Ele destacou ainda que a maioria dos produtos exportados pelos EUA para o Brasil possuem tarifas médias baixas, e que as relações comerciais bilaterais seguem crescendo, com aumento das exportações brasileiras para os EUA e inversamente.
Na reunião estiveram presentes autoridades do governo, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, além de diversos representantes do setor produtivo, incluindo CEOs e presidentes de associações agrícolas e de exportadores.
Na parte da manhã, Alckmin se reuniu com representantes do setor produtivo para reforçar os esforços de reversão das tarifas impostas desde abril, que inicialmente afetaram o aço, o alumínio e outros produtos brasileiros no mercado americano.
Ele também mencionou que o governo brasileiro enviou uma carta confidencial ao governo dos EUA há dois meses buscando um acordo, mas ainda não obteve resposta, e que seguirá empenhado em resolver o problema.
Com a entrada em vigor da tarifa de 50% em 1º de agosto, o governo manterá o diálogo com os EUA buscando a melhor solução para reverter a situação e proteger os interesses brasileiros.
Lei da Reciprocidade Econômica
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade Econômica, estabelecendo critérios para suspender concessões comerciais e investimentos, além de proteger direitos de propriedade intelectual diante de medidas unilaterais que impactem o Brasil.
Este decreto também criou o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, composto pelos ministros do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, da Casa Civil, da Fazenda e das Relações Exteriores, para deliberar sobre contramedidas e acompanhar negociações.
Fontes do governo indicam que será adotada uma postura que prioriza protocolos de diálogo e negociação, buscando evitar a necessidade do uso da lei de reciprocidade e conseguindo a revisão da tarifa por meio do diálogo diplomático e comercial.