28.5 C
Brasília
quarta-feira, 13/08/2025

Akakor: mistério da cidade antiga na Amazônia

Brasília
céu limpo
28.5 ° C
29.5 °
28.5 °
31 %
3.6kmh
0 %
qua
29 °
qui
30 °
sex
30 °
sáb
29 °
dom
29 °

Em Brasília

Diz a lenda que uma das civilizações mais antigas do mundo teria sido criada por volta de 15 mil a.C. por seres de outro planeta na Amazônia. Esta cidade perdida teria abrigado mais de 2 mil nazistas que deixaram a Alemanha na década de 1930. Eles teriam vivido ocultos em túneis subterrâneos junto aos nativos, protegidos por uma tribo secreta.

Embora pareça inacreditável, nos anos 1970 um renomado jornalista alemão no Brasil acreditou nessa história. Ele investigou profundamente e até lançou um livro sobre a lendária cidade Akakor. Anos depois, foi assassinado quando planejava morar na Amazônia para tentar localizar essa civilização. Várias pessoas que partiram em busca da cidade mítica jamais voltaram.

O enigma chamou a atenção de Jacques Cousteau e inspirou filmes como Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008), dirigido por Steven Spielberg. Quase 40 anos após o desaparecimento e mortes de vários exploradores estrangeiros, o fascínio pelo mito de Akakor permanece entre aqueles que desejam desvendar seus mistérios.

O documentarista Rapha Erichsen, autor do livro O enigma de Akakor: Farsas e segredos na Floresta Amazônica, é amigo do cineasta Jorge Bodanzky, que trabalhou nos anos 1970 com Karl Brugger, o repórter alemão que divulgou o mito da cidade perdida.

Erichsen relata que conheceu a lenda do eldorado amazônico por acaso, vendo o livro Crônica de Akakor na estante de Bodanzky. Apesar do alerta para abandonar o assunto, ele pegou o livro emprestado e se tornou outro fascinado pelo mistério. Seu livro-documentário percorre trilhas difíceis e reúne documentos para tentar entender a lenda.

Em 1971, o jornalista Karl Brugger ouviu a história de um homem branco que falava alemão fluentemente, autointitulado Tatunca Nara, que dizia ser herdeiro da civilização mais antiga da Amazônia. Segundo ele, a cidade de Akakor estava situada entre Peru, Brasil e Bolívia, e tinha outras duas cidades irmãs: Akahim, no noroeste da Amazônia, e Akanis, em Yucatán, México. Essas cidades estariam ligadas por túneis subterrâneos.

Tatunca Nara afirmava ser filho de um príncipe da tribo Ugha Mongulala e de uma freira alemã que chegou na Amazônia nos anos 1930. Segundo ele, o povo acolheu 2 mil nazistas enviados por Adolf Hitler pouco antes da Segunda Guerra Mundial. De fato, os nazistas enviaram uma pequena expedição científica para a Amazônia em 1935, mas a missão era formada por poucos integrantes.

Essa narrativa cativou Brugger, que acreditava ser possível encontrar a cidade perdida, cuja entrada seria escondida atrás de uma cachoeira, e organizada em forma de pirâmides. Ele organizou uma expedição para encontrar Akakor, acompanhado pelo cinegrafista Jorge Bodanzky.

No início, Bodanzky desconfiava de Tatunca Nara, que parecia desconhecer promessas feitas para levar a equipe até Akakor. A primeira expedição fracassou, mas Brugger continuou a busca e em 1976 publicou Crônica de Akakor, baseado nos relatos de Tatunca.

O livro misturava história do universo com a origem desta civilização, contendo relatos de contatos com egípcios e fenícios muito antes da chegada dos europeus. O prefácio foi escrito por Erich von Däniken, autor de Eram os Deuses Astronautas?. Essa obra gerou grande interesse na época, atraindo aventureiros e curiosos à Amazônia, mas muitos tiveram destino trágico.

Em 1984, Karl Brugger foi assassinado no Rio de Janeiro em circunstâncias misteriosas. Outros desaparecimentos e mortes estranhas ocorreram com estrangeiros ligados aos relatos de Akakor e Tatunca Nara. Posteriormente, o suposto indígena foi identificado como Hans Günther Hauck, alemão que adotou identidade falsa e viveu na floresta. Ele foi alvo de investigações sobre homicídios, mas nada foi comprovado.

Apesar das inúmeras histórias, não há evidências arqueológicas que comprovem a existência de Akakor ou da tribo Ugha Mongulala. Pesquisadores destacam que não há registros de pirâmides ou túneis na Amazônia. A região tem ruínas antigas, mas sem o alto nível de complexidade descrito nos relatos.

Levanta-se ainda a hipótese de que Tatunca Nara poderia ter ligações com serviços secretos, envolvendo interesses em minerais raros da floresta, como urânio. Contudo, essas teorias não têm comprovação. Tatunca ainda reside em Barcelos, onde realiza tours guiados para curiosos sobre a lenda.

Veja Também