A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) deteve três agiotas por suspeita de liderar um esquema de extorsão e apropriação de estabelecimentos comerciais na praia de Porto de Galinhas, município de Ipojuca, Região Metropolitana do Recife.
Segundo as investigações, o grupo se apossou de R$ 300 mil entre dezembro de 2023 e maio de 2025, referentes a valores que um comerciante obteve por meio de um empréstimo.
Com o avanço das apurações, a Justiça de Pernambuco decretou a prisão preventiva de Williams Cesar Ribeiro, Synthia Roberta da Cruz Ribeiro e Charles Williams Carneiro da Cunha Silva. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em dois imóveis de alto padrão em Porto de Galinhas.
Também foram bloqueados bens financeiros em nome dos investigados até o montante de R$ 300 mil, e determinada a devolução imediata da posse e administração do comércio à vítima.
Funcionamento do esquema
A vítima relatou que enfrentava dificuldades financeiras devido à pandemia da Covid-19 em 2021, quando contraiu empréstimos informais com Williams Cesar, que se identificava como ‘Major’.
Inicialmente, foram tomados R$ 20 mil com juros mensais de 10%, seguidos por mais R$ 10 mil, valores que a vítima não conseguiu pagar diante das cobranças abusivas. O indivíduo conhecido como ‘Major’ recebia os valores em espécie.
Após sua saída, Charles Williams, assumindo o nome de ‘Carlos’, passou a efetuar as cobranças, chegando a exigir um veículo Toyota Etios como pagamento, entregue em 2023 em Matriz de Camaragibe (AL).
Posteriormente, Charles atuou junto com Synthia, que usava o nome ‘Débora’ e era considerada a gerente do grupo. O casal ‘Carlos’ e ‘Débora’ tomou controle parcial e depois total do comércio da vítima, exigindo as chaves do local e inserindo uma funcionária ligada ao grupo. As transações financeiras passaram a ser feitas por maquinetas registradas em nomes de terceiros.
Ameaças e extorsões
Em maio deste ano, a vítima foi convocada por ‘Carlos’ e ‘Débora’ para uma reunião em uma rua atrás da Delegacia de Porto de Galinhas com a alegação de orientações de trabalho. No local, os investigados chegaram em um Corolla Cross prata e roubaram o celular da vítima, com Charles exigindo a senha sob ameaça contra a filha da vítima.
Synthia utilizou o aparelho para cobrar R$ 50 mil da filha da vítima e se passar pela vítima via WhatsApp. A família recebeu ameaças constantes de morte, direcionadas também a seus membros.
Temendo por sua segurança e de sua família, a vítima formalizou denúncia na delegacia, apoiada por testemunhos e provas de conversas e áudios.
Investigação financeira
Diante dos indícios de agiotagem e extorsão, foi solicitado relatório ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que revelou movimentações incompatíveis com a renda declarada dos investigados, indicando origem ilícita dos recursos e ocultação patrimonial.
Williams Cesar apresentou movimentações bancárias atípicas entre 2019 e 2023, com créditos e débitos próximos a um milhão de reais, incompatíveis com sua renda oficial como corretor de imóveis.
Charles Williams realizou transações financeiras relevantes com membros da família, incluindo transferências expressivas via Pix em 2024. Também foram identificadas diversas movimentações financeiras que reforçam sua ligação com o grupo criminoso.
Antecedentes criminais
Charles Williams Carneiro da Cunha Silva foi preso em flagrante em fevereiro de 2023 por porte ilegal de arma de fogo e liberado após pagamento de fiança.
Synthia Roberta da Cruz Ribeiro responde a múltiplos processos civis e é investigada por tentativa de homicídio qualificado, além de registros de ameaças contra ela.
Williams Cesar Ribeiro está envolvido em diversos processos civis e utiliza uma empresa de factoring para movimentações financeiras ilegais, conforme verificações feitas na investigação.