A outorga do Cantareira venceu em 2014. Segundo Andreu, em uma tentativa de fugir do calendário eleitoral, a renovação começou a ser discutida em 2013, em conjunto com o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE). O prazo inicial da renovação era março de 2014, mas ele foi adiado para outubro de 2015 devido à crise hídrica e ao aumento das questões a serem debatidas.
“Nós queremos iniciar um processo de discussão, ver as contribuições. Se o que consolidarmos permitir que renovemos a outorga em outubro, nós vamos renovar. Se não for possível, porque não chegamos a um acordo ou porque tem muita instabilidade, é possível que haja o adiamento da outorga”, disse Andreu. A ANA e o DAEE vão colher contribuições de entidades sobre o tema até agosto e apresentar uma proposta em setembro, que então passará por audiência pública.
Andreu ressaltou, no entanto, que a nova outorga não entrará em vigor imediatamente e só será usada quando o Cantareira “voltar ao normal”, com cerca de 20% do volume útil. Nesta segunda-feira, 6, o sistema opera com -9,6% do volume útil, contando o volume morto. “Mas isso não tem um prejuízo imediato porque a gente vem regulando o sistema com resoluções conjuntas entre ANA e DAEE”, afirmou Andreu.
Cenários
O presidente da ANA afirmou que a consolidação do fenômeno El Niño vai definir as características climáticas para o Brasil em 2015 e 2016. Segundo ele, a expectativa é de aumento das chuvas no Sul e no Norte, mas agravamento da seca no Nordeste e manutenção das condições atuais no Sudeste, com chance, porém, de chuva ligeiramente acima da média.
Andreu criticou a demora dos governos estaduais para reduzirem o uso excessivo dos reservatórios e afirmou que há uma “tendência de esconder crise no Brasil”. Ele também defendeu a necessidade de discutir a construção de novos reservatórios no País. “Se tirarmos nossa reservação do setor elétrico, nosso padrão é africano”, disse.