Imunizante da Johnson & Johnson foi suspenso nos EUA após casos raros de coágulos. No entanto, a liberação pode ser crucial para a vacinação global
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) — braço da Food and Drug Administration (FDA), agência responsável pela vigilância sanitária nos EUA — se reúne nesta sexta-feira, 23, para discutir se a pausa no uso da vacina contra covid-19 da Johnson & Johnson deve continuar. O congelamento veio após seis pessoas desenvolveram efeitos colaterais raros envolvendo coágulos sanguíneos.
A decisão, se favorável, vai definir com mais precisão as ações futuras do governo Biden na compra de novos imunizantes, e ajudar países que ainda possuem pouco estoque de vacinas. Também soma forças no ganho de velocidade das campanhas de vacinação mundiais, frente ao iminente surgimento de novas cepas do novo coronavírus, que tem se mostrado mais transmissíveis
De acordo com Rochelle Walensky, diretora do CDC, as vacinas em aplicação nos EUA podem estar atingindo um platô imunizante, com as novas variantes se espalhando. Escalar os esforços de vacinação em mais empresas é urgente para conter o avanço de formas mais graves da doença.
A favor da vacina está o fato de que nenhum outro caso de trombose foi confirmado desde o início da pausa. Além disso, o comitê de segurança da Agência Europeia de Medicamentos ponderou na terça-feira, 20, que há sim uma associação entre os casos raros de trombose e a vacina, mas que os benefícios superam qualquer risco.
Em análise geral, os coágulos sanguíneos causados por vacinas são extremamente raros. No caso da vacina da Johnson & Johnson, é menos de 1 caso por milhão ou taxa de 0,0001%. Para a vacina da AstraZeneca, a taxa é de 0,0004%. É possível cravar que mulheres que usam anticoncepcional oral tem de 4 a 6 vezes mais chance de desenvolverem trombose do que pessoas que foram vacinadas contra covid-19. Logo, o levantamento que será apresentado pelo CDC no dia de hoje de deve ir no sentindo de aprovar o uso emergencial da J&J.
O imunizante é esperado, sobretudo, por conseguir 66% de eficácia na prevenção da covid-19 de diversas variantes em um teste global com quase 44 mil pessoas. A porcentagem variou em cada país onde foi testado: Estados Unidos obteve 72%; enquanto a América Latina teve 66% e a África do Sul 57%, mas, sua eficácia para impedir casos graves da doença foi de 85%.
Fora os bons números de proteção, a vacina pode ser armazenada à temperatura de geladeiras comuns, e garantir anticorpos suficientes com uma única aplicação. Trata-se de uma vantagem competitiva em países com infraestrutura de saúde mais fraca.