A Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (Afip) comunicou que a partir da terça-feira, 16, vai suspender os serviços de laboratório que presta à Prefeitura de São Paulo devido a atrasos nos pagamentos. Atualmente, a Afip realiza exames como de sangue e toxicológicos em cinco hospitais e 111 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade.
Segundo a Afip, a Prefeitura de São Paulo está com uma dívida de R$ 120 milhões, referente a vários meses sem pagar os serviços. Tânia Regina Noquelli, vice-presidente da Afip, comentou que já são cerca de oito meses sem receber e que a comunicação com a prefeitura está muito difícil, o que tornou inviável continuar os serviços.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que continuou fazendo todos os pagamentos necessários para que os serviços não sejam interrompidos e assegurou que nenhum atendimento será parado por conta dessa situação.
Pagamentos
Tânia explicou que a Prefeitura deixou de pagar os meses de outubro a dezembro de 2024 e voltou a atrasar os pagamentos em junho de 2025. Ela ressaltou que esses atrasos impactam muito, pois a Afip está arcando com os custos da operação.
A Afip presta serviços para São Paulo desde 2001 e essa é a primeira vez que enfrenta interrupções por falta de pagamento.
O contrato atual inclui análises clínicas para os hospitais Waldomiro de Paula, Tide Setúbal, Ermelino Matarazzo, Mario Degni, Menino Jesus e 111 UBSs nas zonas leste e oeste.
A entidade realiza cerca de 2 milhões de exames por mês para mais de 200 mil pessoas e aproximadamente 350 profissionais dos laboratórios serão afetados, com planos de realocação.
A Afip também informou aos Conselhos de Enfermagem e Biomedicina, à Câmara Municipal e ao Ministério Público do Estado de São Paulo sobre os atrasos.
Na última sexta-feira, o Ministério Público solicitou à Prefeitura esclarecimentos sobre como a SMS vai garantir que a população continue recebendo atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) sem prejuízos nos diagnósticos.
Resposta da Prefeitura de São Paulo
Em comunicado enviado ao Estadão, a SMS garantiu que nenhum serviço será interrompido. A pasta preparou um plano de contingência para as unidades afetadas, que irá absorver toda a demanda.
A Prefeitura informou que em 2025 pagou R$ 212 milhões à Afip e que mantém todos os pagamentos necessários para os serviços. Ainda há R$ 102 milhões em fase de conferência e liquidação conforme as regras vigentes, valores que foram comunicados à Afip.
Por sua vez, a Afip declarou que não foi avisada sobre a fase final da conferência desses R$ 102 milhões e que o valor citado pela Prefeitura corresponde a outros dois contratos voltados para transplantes e distrofia muscular, diferentes dos exames clínicos.
Segundo Tânia, para o contrato de análises clínicas a Prefeitura repassou R$ 98 milhões, mas ainda faltam os R$ 120 milhões atrasados.

