Para lembrar o Dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas, que acontece nesta quarta-feira (30), a Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal (Sejus-DF), em parceria com a Inframerica e a Organização Internacional para Migrações (OIM), promoveu uma campanha educativa no Aeroporto Internacional de Brasília. Essa ação faz parte da campanha global Coração Azul, das Nações Unidas, que busca prevenir e combater esse crime grave e organizado.
Desde terça-feira (29), as equipes da Sejus-DF conversam com os passageiros, entregam folhetos informativos e explicam os riscos, os sinais e como identificar possíveis vítimas. No primeiro dia, funcionários do aeroporto participaram de treinamento para identificar e denunciar situações suspeitas. Na quarta, as atividades aconteceram na Rampa A, das 6h às 11h.
Dados do Disque 100 mostram que o Brasil tem, em média, mais de um caso de tráfico de pessoas por dia. Em 2024, o Distrito Federal já atendeu oito vítimas. Especialistas alertam que os números podem ser maiores devido à subnotificação. “Nossa missão é combater esse crime com informação, cooperação e apoio às vítimas”, afirmou a secretária de Justiça e Cidadania do DF, Marcela Passamani.
Para Eliane Alves da Silva, gerente de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Sejus e coordenadora do Comitê Distrital, essa campanha une governo e sociedade para enfrentar a exploração humana. “A campanha Coração Azul simboliza a dor das vítimas e nosso compromisso de combater esse crime. Somos um grupo com representantes das secretarias da Mulher, Saúde, Trabalho, Desenvolvimento Social e Turismo, e organizações civis, todos mobilizados para essa causa”, explicou.
Reação da população
A campanha foi bem recebida pelos que estavam no aeroporto. O jovem brasiliense Victor Rodrigues, 23 anos, falou sobre a importância da ação: “Às vezes, vê-se algo estranho, mas não entende. Com essa conversa, fiquei mais consciente e sei como agir se vejo algo suspeito”.
Vera Lúcia Santos, de Taguatinga, comentou que a abordagem fez com que ela entendesse melhor o tráfico de pessoas: “Pensava que era coisa de filme, mas acontece perto da gente. Essa ação me fez ficar mais atenta ao que acontece ao redor”.
Crime que aproveita da vulnerabilidade
Segundo o Relatório Nacional de Tráfico de Pessoas de 2024, as principais vítimas são mulheres, migrantes e pessoas em situação de vulnerabilidade social. O Ministério da Saúde aponta que 62,8% dos atendimentos por violência sexual e exploração são de mulheres.
O tráfico de pessoas é o terceiro crime mais lucrativo no mundo, atrás do tráfico de armas e drogas. A falta de denúncias e desconhecimento dificultam o combate, tornando essencial campanhas como a Coração Azul.
Trabalho conjunto
A ação faz parte da 11ª Semana Nacional de Mobilização contra o Tráfico de Pessoas, com o lema “Tráfico de pessoas é um crime organizado: acabemos com a exploração”. A intenção é envolver órgãos públicos e a sociedade no enfrentamento.
Como denunciar
Casos suspeitos podem ser denunciados anonimamente pelo Disque 100 ou Disque 180. A população também pode procurar o Creas ou contactar a Sejus-DF para mais informações.
*Informações da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF)