O advogado Martin de Luca, que presta serviços para as empresas Rumble e Trump Media & Technology Group, além de ser conselheiro jurídico do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou-se nesta quarta-feira (20/8) após ter sido citado em inquérito da Polícia Federal no Brasil. A investigação envolve também o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em mensagem publicada no X (anteriormente conhecido como Twitter), De Luca afirmou que está sendo alvo de uma tentativa de criminalizar seu trabalho de consultoria. Ele escreveu: “Esta noite, entrei para um grupo seleto de americanos por enfrentar Alexandre de Moraes”, referindo-se ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou o inquérito.
Segundo ele, a Polícia Federal estaria tentando interpretar como submissão estrangeira a correspondência profissional habitual. Destacou que seu papel inclui orientar por meio de notas públicas ou transmitir informações judiciais, atividades que ele realiza rotineiramente. “Agora essas ações corriqueiras estão sendo distorcidas por teorias conspiratórias”, declarou.
Martin de Luca também criticou o que chamou de “campanha de censura” promovida por Alexandre de Moraes. Disse que qualquer pessoa que ousar criticar ou expor isso será alvo — seja advogado, cidadão americano ou alguém que fale livremente nos Estados Unidos — e concluiu que a responsabilização do ministro acontecerá na Justiça americana.
Detalhes da investigação da Polícia Federal sobre o advogado de Trump
O nome de Martin de Luca apareceu em mensagens interceptadas pela Polícia Federal em que o ex-presidente Jair Bolsonaro solicitava sua ajuda para elaborar uma nota pública em resposta à alta tarifária de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros.
Nos diálogos, o ex-presidente pediu que a nota elogiasse o presidente americano e afirmasse que a liberdade é prioridade maior que questões econômicas. Em gravação, Jair Bolsonaro agradece a Trump e solicita: “Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa usar nas minhas redes sociais”.
O advogado prometeu enviar um resumo para melhorar a comunicação do ex-presidente no episódio.
A Polícia Federal considera que esses contatos indicam que Bolsonaro teria agido subordinado a interesses externos. O relatório divulgado ressalta que o ex-presidente buscava apoio no exterior para enfrentar acusações da tentativa de golpe em 2022 e trocou mensagens com De Luca criticando o Judiciário brasileiro e especialmente o ministro Alexandre de Moraes.
As trocas de mensagens também mostram contato frequente entre Jair Bolsonaro e o advogado, incluindo uma ligação de mais de oito minutos em julho deste ano.
Para os investigadores, o conjunto de comunicações demonstra uma estratégia de Bolsonaro para pressionar ministros do STF e influenciar a opinião pública contra a Corte.