Um tribunal em El Salvador determinou nesta terça-feira (24) que o advogado Enrique Anaya, um dos mais firmes opositores do presidente Nayib Bukele, permaneça sob prisão provisória. Ele é acusado pela promotoria de suposta lavagem de dinheiro.
Com 61 anos, o constitucionalista Anaya é um dos cinco opositores detidos recentemente por várias acusações. Seu advogado defensor reafirma sua inocência em relação às acusações.
“Infelizmente, o desfecho não foi o que esperávamos”, afirmou o defensor Jaime Quintanilla, ao final da audiência no Sétimo Tribunal de Paz de San Salvador.
“Apesar de todas as justificativas apresentadas e esforços para buscar uma medida alternativa ao encarceramento, não obtivemos sucesso, portanto Enrique continuará detido”, acrescentou Quintanilla após uma audiência de três horas.
Durante um intervalo ao meio-dia, Anaya, usando camisa branca e calça azul, foi visto pelos jornalistas escoltado por policiais armados, cruzando os braços sobre o peito em sinal de saudação.
O processo contra Anaya, que sofre de diabetes, tramita sob sigilo, por isso os detalhes permanecem inacessíveis, explicou seu defensor, que já anunciou recurso contra a manutenção da prisão.
Enquanto isso, a promotoria continuará investigando o constitucionalista antes que um tribunal decida pelo julgamento.
A Suprema Corte reconheceu no sábado um recurso de habeas corpus em favor de Anaya, afirmando a existência de “violação dos direitos à saúde e à defesa”.
Detido desde 7 de junho, Anaya é um advogado e analista frequentemente consultado pela mídia, e era crítico aberto do presidente, a quem chamava de “ditador” em entrevistas.
Nas últimas semanas, outras quatro pessoas críticas a Bukele foram detidas em El Salvador, incluindo ativistas de direitos humanos e advogados.
ONGs afirmam que essas prisões têm o objetivo de silenciar vozes críticas ao governo.
Uma pesquisa da Universidade Centro-Americana indicou que seis em cada dez salvadorenhos temem criticar o presidente ou seu governo devido a possíveis “consequências negativas”, como detenção.
Bukele foi reeleito em fevereiro de 2024, impulsionado pela alta popularidade de sua “guerra” contra gangues, que diminuiu fortemente a violência no país.
Essa ofensiva ocorre sob um regime de exceção criticado por grupos de direitos humanos, pois permite prisões sem mandado judicial.