A advogada conhecida como da “boquinha” está sendo investigada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por perseguição, apropriação indevida e usurpação de função pública. Ela utilizava o nome do marido para continuar trabalhando como servidora pública mesmo depois de deixar o cargo.
A ex-registradora temporária do 9º Ofício de Registro de Imóveis de Brazlândia ficou insatisfeita com a nomeação da nova responsável pelo cartório, o que causou várias perseguições e conflitos.
Mesmo sem ligação oficial com o cartório, ela seguia exercendo atividades como registradora, utilizando o nome do esposo para ocultar suas ações. Nessa época, emitia certidões digitalizadas no sistema Oficial de Registro de Imóveis (ONR) em nome dele.
Além disso, ela solicitava serviços em nome do cartório junto a órgãos do GDF e mantinha comunicação com clientes e instituições oficiais por meio do e-mail e telefone funcionais do cartório.
Testemunhas relatam que a acusada costumava ficar na recepção, abordando clientes e oferecendo ajuda como se ainda fosse funcionária.
Detalhes do caso
O MPDFT denunciou e a Justiça tornou a advogada ré. Embora esteja sob investigação, ela atualmente ocupa uma vaga em uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF).
De acordo com a denúncia, os incidentes ocorreram entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025 no 9º Ofício de Registro de Imóveis, setor Tradicional, em Brazlândia.
A advogada, descontenta com a nomeação da nova titular, perseguiu a sucessora, ameaçando sua saúde mental e invadindo sua privacidade.
Relatos indicam que, durante a transição, ela impediu o acesso da nova oficial ao cartório, afirmando que o local era de sua propriedade. Em abril de 2024, chegou a expulsar a nova titular, dificultando a entrega formal do cargo.
Em 2 de maio de 2024, durante a assinatura do recibo de transição, exigiu a assinatura sem que o documento fosse lido, causando tumulto quando ressalvas foram adicionadas.
Perseguição contínua
Após a saída do cargo, as hostilidades continuaram. Ela frequentava o cartório sem aviso, exigia atendimento prioritário, e permaneceu após o expediente, obrigando funcionários a horas extras. A polícia foi acionada duas vezes.
O MPDFT também aponta apropriação indevida, pois ela reteve documentos, carimbos, HDs com arquivos digitalizados, e-mails e telefone do cartório.
Documentos com informações confidenciais de clientes ficaram sob sua posse, causando problemas no funcionamento do cartório.
Denúncia e consequências
Com base nas evidências, o MPDFT concluiu que a advogada praticou perseguição reiterada, apropriação indevida de bens públicos e usurpação de função pública. A Justiça aceitou citar e processar a suspeita criminalmente.
Se condenada, poderá cumprir pena superior a dez anos de prisão, além de multar e perder quaisquer cargos públicos que detenha.
